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CARREIRA
Rotina no Barro Branco é "puxada"
Média para aprovação é oito; aluno-oficial do primeiro ano fica em regime de internato
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato a uma vaga a oficial da PM tem de ficar em forma antes mesmo do curso na
Academia de Polícia Militar do
Barro Branco, que tem o vestibular realizado pela Fuvest.
"Eu reservava tempo para
correr e fazer barra no parque
Ibirapuera todos os dias e ficar
mais bem preparado para os
testes físicos do vestibular",
conta Francisco Ilidio Hernandes Lopes, 29, que irá se formar
na academia no final deste ano.
Dos cinco anos em que foi
policial civil, os últimos seis
meses ele conciliou o trabalho
de 12 horas diárias com o cursinho pré-vestibular à noite.
Se a rotina é difícil para ser
admitido, já dentro da academia as coisas não melhoram
muito: as aulas são em período
integral e a média para aprovação nas disciplinas é oito.
Não cortar o cabelo, estar
com a farda amassada, de barba
por fazer ou chegar atrasado
são faltas disciplinares, que representam pontos a menos na
nota mensal de conduta.
Internato
Para os alunos do primeiro
ano, o curso é em regime de internato. "Apesar de ficar mais
tempo longe da família, o internato é bom porque o cadete
consegue organizar melhor o
tempo para fazer as atividades
focadas na carreira e vivenciar
a rotina da academia", avalia
Hernandes Lopes.
Os estudantes são acomodados divididos por turma. A posição das camas e beliches, que
têm de estar arrumados segundo um padrão, muda de alojamento para alojamento, mas a
atmosfera militar permanece.
Os armários são individuais
com cadeado, como nos vestiários de clube, e os banheiros,
coletivos. Os horários para
acordar e para dormir devem
ser respeitados.
Há uma barbearia e uma
agência bancária na academia
para que o aluno possa fazer tudo por ali mesmo. Ele deixa a
academia, que fica no Tucuruvi, na zona norte de São Paulo,
somente no final de semana.
Ainda assim, entrar na academia é bem concorrido. Neste
ano serão 150 vagas -só para
homens (leia texto abaixo).
"A pessoa precisa ter vocação
e gostar da carreira porque é
uma profissão que exige dedicação à população, não terá feriado nem nunca vai deixá-lo
rico", afirma o major PM Carlos de Carvalho Jr, 44, comandante do corpo de cadetes.
Durante o curso, o aluno recebe um soldo de cerca de
R$ 1.000. Ao se formar, a remuneração passa a R$ 2.200 e,
após o estágio probatório,
quando sai segundo-tenente,
chega a R$ 2.800.
"O estágio probatório dura
um ano e é obrigatório. O aspirante a oficial passa um ano em
alguma unidade da PM, como
se fosse uma residência médica", explica Hernandes, o primeiro colocado na sua turma.
O "título" lhe garante a prioridade na escolha das vagas disponíveis para o estágio probatório, após o término do curso.
Educação a distância
O curso tem carga horária total de 6.243 horas distribuídas
em quatro anos. No currículo,
há matérias de direito (como
penal, civil e direitos humanos), administração, psicologia
e sociologia, além de atividades
físicas e aulas práticas de policiamento, defesa pessoal e tiro.
Parte das disciplinas é dada
na modalidade de educação a
distância, em que os alunos
acompanham as aulas por meio
de computadores. Direito processual civil -uma das 26 matérias neste formato-, por
exemplo, tem a carga de 90 horas-aula divididas em 60 a distância e 30 presenciais.
As atividades extraclasse incluem a participação voluntária em grêmios de bombeiro,
cavalaria e religiosos, por
exemplo, e o cumprimento de
funções dentro da academia,
como a guarda e a faxina.
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