São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007
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CARREIRA

Rotina no Barro Branco é "puxada"

Média para aprovação é oito; aluno-oficial do primeiro ano fica em regime de internato

FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato a uma vaga a oficial da PM tem de ficar em forma antes mesmo do curso na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, que tem o vestibular realizado pela Fuvest.
"Eu reservava tempo para correr e fazer barra no parque Ibirapuera todos os dias e ficar mais bem preparado para os testes físicos do vestibular", conta Francisco Ilidio Hernandes Lopes, 29, que irá se formar na academia no final deste ano.
Dos cinco anos em que foi policial civil, os últimos seis meses ele conciliou o trabalho de 12 horas diárias com o cursinho pré-vestibular à noite.
Se a rotina é difícil para ser admitido, já dentro da academia as coisas não melhoram muito: as aulas são em período integral e a média para aprovação nas disciplinas é oito.
Não cortar o cabelo, estar com a farda amassada, de barba por fazer ou chegar atrasado são faltas disciplinares, que representam pontos a menos na nota mensal de conduta.

Internato
Para os alunos do primeiro ano, o curso é em regime de internato. "Apesar de ficar mais tempo longe da família, o internato é bom porque o cadete consegue organizar melhor o tempo para fazer as atividades focadas na carreira e vivenciar a rotina da academia", avalia Hernandes Lopes.
Os estudantes são acomodados divididos por turma. A posição das camas e beliches, que têm de estar arrumados segundo um padrão, muda de alojamento para alojamento, mas a atmosfera militar permanece. Os armários são individuais com cadeado, como nos vestiários de clube, e os banheiros, coletivos. Os horários para acordar e para dormir devem ser respeitados.
Há uma barbearia e uma agência bancária na academia para que o aluno possa fazer tudo por ali mesmo. Ele deixa a academia, que fica no Tucuruvi, na zona norte de São Paulo, somente no final de semana.
Ainda assim, entrar na academia é bem concorrido. Neste ano serão 150 vagas -só para homens (leia texto abaixo).
"A pessoa precisa ter vocação e gostar da carreira porque é uma profissão que exige dedicação à população, não terá feriado nem nunca vai deixá-lo rico", afirma o major PM Carlos de Carvalho Jr, 44, comandante do corpo de cadetes.
Durante o curso, o aluno recebe um soldo de cerca de R$ 1.000. Ao se formar, a remuneração passa a R$ 2.200 e, após o estágio probatório, quando sai segundo-tenente, chega a R$ 2.800.
"O estágio probatório dura um ano e é obrigatório. O aspirante a oficial passa um ano em alguma unidade da PM, como se fosse uma residência médica", explica Hernandes, o primeiro colocado na sua turma.
O "título" lhe garante a prioridade na escolha das vagas disponíveis para o estágio probatório, após o término do curso.

Educação a distância
O curso tem carga horária total de 6.243 horas distribuídas em quatro anos. No currículo, há matérias de direito (como penal, civil e direitos humanos), administração, psicologia e sociologia, além de atividades físicas e aulas práticas de policiamento, defesa pessoal e tiro.
Parte das disciplinas é dada na modalidade de educação a distância, em que os alunos acompanham as aulas por meio de computadores. Direito processual civil -uma das 26 matérias neste formato-, por exemplo, tem a carga de 90 horas-aula divididas em 60 a distância e 30 presenciais.
As atividades extraclasse incluem a participação voluntária em grêmios de bombeiro, cavalaria e religiosos, por exemplo, e o cumprimento de funções dentro da academia, como a guarda e a faxina.


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