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foco
Gosto pela leitura ajudou deficiente visual a obter uma vaga na faculdade
DA REPORTAGEM LOCAL
Lucimara Matias, 23, conheceu os olhos de ressaca
de Capitu pela ponta dos dedos. Também foi pelo alto-relevo do braile que a deficiente visual de nascença
descobriu a saga de Fabiano,
Leonardo e Luisinha e a da
virgem dos lábios de mel.
Foi de descoberta em descoberta que Lucimara desenvolveu o gosto pela leitura. Primeiro, descobriu a biblioteca da própria escola, o
internato especializado em
crianças cegas onde cursou o
ensino fundamental. Depois,
aos 14, descobriu a biblioteca
do Centro Cultural São Paulo, quando aprendeu a usar a
bengala e andar pela cidade.
Desde então, Lucimara fez
das visitas ao centro cultural
algo rotineiro e, assim, leu de
tudo. "Isso me ajudou a chegar aonde estou hoje", diz
ela, que atribui o seu bom desempenho no vestibular ao
gosto por ler e escrever.
Hoje, Lucimara cursa o último ano de relações públicas na Unisa, em São Paulo,
onde estuda com bolsa integral. Ela já estagiou, já gravou um CD de músicas românticas, já trabalhou como
assistente administrativa e
também como leitora e revisora de braile. Ao se formar,
pretende se dedicar à área de
eventos ou à comunicação
interna empresarial.
Lucimara diz quase não
ter dificuldades em seu cotidiano. Nem a distância de
uma hora e meia que separa
Parelheiros, onde mora, de
Santo Amaro, onde estuda, é
problema. "Vou ouvindo audiobooks." Ruim mesmo é
não achar os livros da faculdade em braile ou gravados.
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