São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010
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Gosto pela leitura ajudou deficiente visual a obter uma vaga na faculdade

DA REPORTAGEM LOCAL

Lucimara Matias, 23, conheceu os olhos de ressaca de Capitu pela ponta dos dedos. Também foi pelo alto-relevo do braile que a deficiente visual de nascença descobriu a saga de Fabiano, Leonardo e Luisinha e a da virgem dos lábios de mel.
Foi de descoberta em descoberta que Lucimara desenvolveu o gosto pela leitura. Primeiro, descobriu a biblioteca da própria escola, o internato especializado em crianças cegas onde cursou o ensino fundamental. Depois, aos 14, descobriu a biblioteca do Centro Cultural São Paulo, quando aprendeu a usar a bengala e andar pela cidade.
Desde então, Lucimara fez das visitas ao centro cultural algo rotineiro e, assim, leu de tudo. "Isso me ajudou a chegar aonde estou hoje", diz ela, que atribui o seu bom desempenho no vestibular ao gosto por ler e escrever.
Hoje, Lucimara cursa o último ano de relações públicas na Unisa, em São Paulo, onde estuda com bolsa integral. Ela já estagiou, já gravou um CD de músicas românticas, já trabalhou como assistente administrativa e também como leitora e revisora de braile. Ao se formar, pretende se dedicar à área de eventos ou à comunicação interna empresarial.
Lucimara diz quase não ter dificuldades em seu cotidiano. Nem a distância de uma hora e meia que separa Parelheiros, onde mora, de Santo Amaro, onde estuda, é problema. "Vou ouvindo audiobooks." Ruim mesmo é não achar os livros da faculdade em braile ou gravados.


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