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ATUALIDADES
Sri Lanka tem conflito que dura mais de 25 anos
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ilha localizada no oceano Índico, próxima à costa sudoeste
da Índia, o Sri Lanka enfrenta o
acirramento de um conflito
que se estende por mais de 25
anos. Com uma população superior a 20 milhões de habitantes divididos entre a maioria
cingalesa de religião budista
(74%) e a minoria tâmil de
orientação hindu (18%), o antigo Ceilão transformou-se em
um "banho de sangue", segundo representantes da ONU.
Parte do Império Britânico, o
Sri Lanka conquistou sua independência em 1948, ano em
que se inicia a implantação de
políticas discriminatórias contra a minoria tâmil.
Durante a presença britânica, os tâmeis ocupavam lugar
de destaque na administração
colonial. Mas sucessivos governos sob comando da maioria
cingalesa aprovaram leis restritivas à cidadania tâmil.
Com o intuito de reforçar o
domínio da maioria, o parlamento estabeleceu como idioma oficial do Estado o cingalês.
Ato político discriminatório,
essa legislação dificultou o
acesso da minoria tâmil à educação superior e aos postos de
trabalho no serviço público.
Revoltados, os tâmeis passaram a protestar a partir dos
anos de 1970, contra o governo
de Colombo -capital do Sri
Lanka-, exigindo a igualdade
linguística, social e religiosa.
Segmentos mais radicais
fundam em 1976 a Tigres de Libertação do Tâmil Eelan
(LTTE, da sigla em inglês), que
se propunha a lutar pelo estabelecimento de Estado Tâmil
no norte e leste do Sri Lanka.
A partir de 1983, a tensão entre cingaleses e tâmeis degenera para uma guerra civil com a
intensificação da violência e
dos atentados suicidas. Suspeita-se que o apoio tácito do governo estadual de Tâmil Nadu,
no sul da Índia, onde vivem
mais de 60 milhões de tâmeis,
contribuiu para a sustentação
do movimento separatista.
Com o cessar-fogo assinado
na Noruega em 2002, parecia
que o conflito se encaminhava
para uma solução negociada,
com a concessão de maior autonomia para as administrações
provinciais sob domínio tâmil.
No entanto, a ascensão de
Mahinda Rajapaksa, atual presidente cingalês, em 2005, representou mais que a paralisação do processo de paz.
Amparado na guerra ao terror capitaneada pelos EUA,
Mahinda suspendeu as negociações e optou pela solução
militar. Ampliou a ofensiva, encurralou milhares de civis e,
com eles, os militantes rebeldes
dos Tigres Tâmeis e seu líder,
Velupillai Prabhakaran.
Em 25 anos de conflito estima-se que tenha ocorrido entre
80 mil a 100 mil mortes, e o futuro parece não menos assustador. Observadores testemunham que mais de 250 mil civis
tâmeis encontram-se sob a mira dos fuzis do Exército cingalês. E, sob o silêncio da comunidade internacional e a paralisia
da ONU, a ordem é atirar.
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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