São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009
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ATUALIDADES


Sri Lanka tem conflito que dura mais de 25 anos

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ilha localizada no oceano Índico, próxima à costa sudoeste da Índia, o Sri Lanka enfrenta o acirramento de um conflito que se estende por mais de 25 anos. Com uma população superior a 20 milhões de habitantes divididos entre a maioria cingalesa de religião budista (74%) e a minoria tâmil de orientação hindu (18%), o antigo Ceilão transformou-se em um "banho de sangue", segundo representantes da ONU.
Parte do Império Britânico, o Sri Lanka conquistou sua independência em 1948, ano em que se inicia a implantação de políticas discriminatórias contra a minoria tâmil. Durante a presença britânica, os tâmeis ocupavam lugar de destaque na administração colonial. Mas sucessivos governos sob comando da maioria cingalesa aprovaram leis restritivas à cidadania tâmil.
Com o intuito de reforçar o domínio da maioria, o parlamento estabeleceu como idioma oficial do Estado o cingalês.
Ato político discriminatório, essa legislação dificultou o acesso da minoria tâmil à educação superior e aos postos de trabalho no serviço público.
Revoltados, os tâmeis passaram a protestar a partir dos anos de 1970, contra o governo de Colombo -capital do Sri Lanka-, exigindo a igualdade linguística, social e religiosa.
Segmentos mais radicais fundam em 1976 a Tigres de Libertação do Tâmil Eelan (LTTE, da sigla em inglês), que se propunha a lutar pelo estabelecimento de Estado Tâmil no norte e leste do Sri Lanka.
A partir de 1983, a tensão entre cingaleses e tâmeis degenera para uma guerra civil com a intensificação da violência e dos atentados suicidas. Suspeita-se que o apoio tácito do governo estadual de Tâmil Nadu, no sul da Índia, onde vivem mais de 60 milhões de tâmeis, contribuiu para a sustentação do movimento separatista.
Com o cessar-fogo assinado na Noruega em 2002, parecia que o conflito se encaminhava para uma solução negociada, com a concessão de maior autonomia para as administrações provinciais sob domínio tâmil.
No entanto, a ascensão de Mahinda Rajapaksa, atual presidente cingalês, em 2005, representou mais que a paralisação do processo de paz.
Amparado na guerra ao terror capitaneada pelos EUA, Mahinda suspendeu as negociações e optou pela solução militar. Ampliou a ofensiva, encurralou milhares de civis e, com eles, os militantes rebeldes dos Tigres Tâmeis e seu líder, Velupillai Prabhakaran.
Em 25 anos de conflito estima-se que tenha ocorrido entre 80 mil a 100 mil mortes, e o futuro parece não menos assustador. Observadores testemunham que mais de 250 mil civis tâmeis encontram-se sob a mira dos fuzis do Exército cingalês. E, sob o silêncio da comunidade internacional e a paralisia da ONU, a ordem é atirar.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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