São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009
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DEU NA MÍDIA

Os EUA e os 50 anos da Revolução Cubana

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Janeiro de 1959: há meio século, Fidel Castro e os rebeldes de Sierra Maestra avançaram sobre Havana para pôr fim a uma das mais violentas ditaduras do continente e inaugurar a primeira experiência socialista da América. Naquela época, o movimento, que teve entre seus protagonistas o médico argentino Ernesto Che Guevara, derrotou Fulgêncio Batista e converteu-se num marco para uma geração de latino-americanos: símbolo da ação revolucionária e da luta contra a ditadura.
Episódio relevante no contexto da Guerra Fria, disputa entre os EUA e a URSS, a Revolução Cubana transformou a ilha caribenha numa "área de influência" comunista, pró-soviética, no "quintal" dos EUA.
Desde então, um a um os mandatários da Casa Branca declaram-se inimigos da revolução e do seu líder maior, Fidel Castro.
Os primeiros anos da década de 1960 foram decisivos na radicalização das divergências entre Washington e Havana. Após a fracassada tentativa de invasão orquestrada por contrarrevolucionários treinados pela CIA, a Baía dos Porcos (1961), Castro declarou o caráter socialista da revolução. Determinados a isolar o regime, os EUA patrocinam, desde fevereiro de 1962, um severo embargo econômico contra a ilha e comandam a expulsão de Cuba da Organização dos Estados Americanos.
Para agravar a situação, em novembro de 1962, a URSS decidiu construir uma base de mísseis na ilha. Alertado, o então presidente dos EUA, John Kennedy, impôs um bloqueio naval a Cuba, exigindo o recuo soviético. A Crise dos Mísseis, que quase provocou um confronto aberto entre as superpotências, selou em definitivo a parceria Havana-Moscou.
Transformada numa vitrine do socialismo, Cuba recebeu proteção e apoio econômico da URSS. Em 1985, com a ascensão de Mikhail Gorbachev e sua política de reestruturação do socialismo soviético, Cuba acabou perdendo seu grande aliado.
O colapso do campo socialista com a desintegração da URSS provocou no regime cubano um caos sem precedentes. Sem o apoio de Moscou, Cuba ficou isolada, mergulhada numa terrível crise de abastecimento. Castro decretou o período especial, cujo racionamento prejudicou ainda mais a população.
A renúncia de Fidel e a ascensão do seu irmão, Raúl Castro, abriram novas perspectivas para o regime, mas as mudanças prometidas foram ainda muito tímidas. Dos EUA espera-se que o presidente recém-eleito restabeleça o diálogo com Havana e amenize o embargo contra a ilha comunista. Entre tantos desafios, essa é mais uma missão para o "super" Barack Obama.

ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile.

rcandelori@uol.com.br



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