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DEU NA MÍDIA
Os EUA e os 50 anos da Revolução Cubana
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Janeiro de 1959: há meio
século, Fidel Castro e os rebeldes de Sierra Maestra
avançaram sobre Havana
para pôr fim a uma das mais
violentas ditaduras do continente e inaugurar a primeira
experiência socialista da
América. Naquela época, o
movimento, que teve entre
seus protagonistas o médico
argentino Ernesto Che Guevara, derrotou Fulgêncio Batista e converteu-se num
marco para uma geração de
latino-americanos: símbolo
da ação revolucionária e da
luta contra a ditadura.
Episódio relevante no
contexto da Guerra Fria, disputa entre os EUA e a URSS,
a Revolução Cubana transformou a ilha caribenha numa "área de influência" comunista, pró-soviética, no
"quintal" dos EUA.
Desde então, um a um os
mandatários da Casa Branca
declaram-se inimigos da revolução e do seu líder maior,
Fidel Castro.
Os primeiros anos da década de 1960 foram decisivos
na radicalização das divergências entre Washington e
Havana. Após a fracassada
tentativa de invasão orquestrada por contrarrevolucionários treinados pela CIA, a
Baía dos Porcos (1961), Castro declarou o caráter socialista da revolução. Determinados a isolar o regime, os
EUA patrocinam, desde fevereiro de 1962, um severo
embargo econômico contra a
ilha e comandam a expulsão
de Cuba da Organização dos
Estados Americanos.
Para agravar a situação,
em novembro de 1962, a
URSS decidiu construir uma
base de mísseis na ilha. Alertado, o então presidente dos
EUA, John Kennedy, impôs
um bloqueio naval a Cuba,
exigindo o recuo soviético. A
Crise dos Mísseis, que quase
provocou um confronto
aberto entre as superpotências, selou em definitivo a
parceria Havana-Moscou.
Transformada numa vitrine do socialismo, Cuba recebeu proteção e apoio econômico da URSS. Em 1985,
com a ascensão de Mikhail
Gorbachev e sua política de
reestruturação do socialismo soviético, Cuba acabou
perdendo seu grande aliado.
O colapso do campo socialista com a desintegração da
URSS provocou no regime
cubano um caos sem precedentes. Sem o apoio de Moscou, Cuba ficou isolada, mergulhada numa terrível crise
de abastecimento. Castro decretou o período especial, cujo racionamento prejudicou
ainda mais a população.
A renúncia de Fidel e a ascensão do seu irmão, Raúl
Castro, abriram novas perspectivas para o regime, mas
as mudanças prometidas foram ainda muito tímidas.
Dos EUA espera-se que o
presidente recém-eleito restabeleça o diálogo com Havana e amenize o embargo
contra a ilha comunista. Entre tantos desafios, essa é
mais uma missão para o "super" Barack Obama.
ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile.
rcandelori@uol.com.br
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