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CARREIRA
Teólogos escolhem curso por vocação
Alunos podem se tornar padres, pastores, professores de religião ou líderes comunitários
PATRÍCIA GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
Edinaldo Julio, 41, é um estudante de teologia típico. Do sexo masculino, com mais de 25
anos e com outra graduação no
currículo, ele diz ter escolhido
o curso por vocação.
Quem cursa teologia não
quer fazer parte de um mercado de trabalho competitivo
nem fazer fortuna. Pretende,
antes de tudo, satisfazer uma
necessidade pessoal.
Com Edinaldo foi assim. Percebeu que direito não era o que
queria no terceiro ano da faculdade. Não falou nada para ninguém e, ao completar o curso,
avisou em casa: estava decidido
a fazer teologia.
A mulher, de início, protestou. Preferia que o marido continuasse em Barra Mansa (interior do Estado do Rio) e ali advogasse. Mas não teve jeito.
"Os pais dela só acreditaram
quando o caminhão da mudança encostou", conta.
Edinaldo, a mulher e a filha
do casal, com dez anos, se mudaram no início do ano para
São Paulo para que ele estudasse teologia na Metodista.
Hoje ele já está indo para o
segundo semestre e, assim como boa parte da sua turma,
quer ser pastor.
No catolicismo e nas chamadas denominações históricas,
como a presbiteriana, a batista
e a metodista, o curso de teologia é pré-requisito para a ordenação como padre ou pastor.
O reverendo Wilson Silva,
coordenador do curso de teologia do Mackenzie, confirma
que parte dos alunos quer se
dedicar ao pastorado, mas
aponta outras opções de carreira. "O teólogo pode também
dar aula em universidades, trabalhar em capelanias de hospitais e das Forças Armadas, ser
líder em sua comunidade e, o
que está crescendo nos últimos
anos, trabalhar em ONGs."
É a primeira opção apontada
pelo reverendo a que interessa
Sunamita Castro, 30, aluna do
quinto período do curso no
Mackenzie. "Minha intenção é
ingressar no mundo acadêmico, não propriamente na área
teológica, mas sim nas correlatas a ela", diz Sunamita, que cita psicologia, antropologia e filosofia como áreas do conhecimento em que tem interesse.
O curso
Regulamentada como curso
superior desde 1999, a teologia
tem hoje 107 graduações reconhecidas pelo MEC no país, a
maioria de orientação cristã.
A resolução que reconheceu
o curso deixou a composição
curricular a cargo de cada instituição. Exigiu, no entanto, que
houvesse a carga horária mínima de 2.400 horas, que houvesse infraestrutura e corpo docente suficientemente qualificados e, por fim, que a forma de
acesso fosse um vestibular.
Como a grade curricular é livre, as instituições estão ligadas a igrejas e, por isso, não dão
uma formação genérica sobre
religião. Assim, um curso pode
ter uma orientação católica, como acontece na PUC, ou protestante, como ocorre no Mackenzie e na Metodista.
Ao contrário de grande parte
das carreiras, diz Rui Josgrilberg, diretor da faculdade de
teologia da Metodista, "os teólogos não têm uma profissão
regulamentada". Dessa forma,
não estão reunidos em um sindicato, não há definição de piso
salarial nem mínimo de horas
trabalhadas por semana.
"É difícil saber quantas horas
por dia alguém é pastor", afirma Josgrilberg.
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