São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004
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BALANÇO 2004

Vestibulares confirmam tendências de outros anos

CONTEÚDOS SÃO APLICADOS A SITUAÇÕES PRÁTICAS OU RELACIONADOS A OUTROS ASSUNTOS, E DECORAR NÃO É O SUFICIENTE

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem grandes surpresas e confirmando tendências de anos anteriores. Assim foram os grandes processos seletivos de 2004, segundo coordenadores de cursinho. Eles recomendam aos vestibulandos que olhem os exames passados para saberem como serão os futuros.
Mesmo que individualmente algumas matérias tenham sido mais fáceis ou mais complicadas, no geral, o nível de dificuldade permaneceu o mesmo. "Não percebo um movimento coletivo das matérias para um nível maior ou menor de dificuldade", disse Carlos Eduardo Bindi, coordenador do Etapa.
Ele exemplifica com a prova de matemática do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), que, neste ano, foi considerada uma das mais fáceis de sua história. Em compensação, segundo ele, química e física mantiveram a dificuldade. "Física teve alguns tópicos avançados, que não são comuns aos demais vestibulares."
Mesmo a primeira fase da Fuvest, que teve notas de corte mais altas, não foi mais fácil, de acordo com Bindi. A alta, segundo ele, deveu-se ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que conta 20% da nota da primeira fase e, neste ano, teve médias maiores do que em anos anteriores.

Tendências confirmadas
Além de manter o nível de dificuldade, os vestibulares deste ano mantiveram a tendência de cada vez mais abandonar as questões em que o candidato tem apenas de lembrar um conteúdo decorado para acertá-las.
Isso não quer dizer, entretanto, que, para conseguir uma vaga, não é mais preciso conhecer conceitos ou tópicos das matérias. Ao contrário, agora, é preciso saber lidar com o que é aprendido.
"Os vestibulares evoluíram e hoje se preocupam muito em analisar a estrutura mental dos candidatos, mas sem desprezar o conteúdo", disse Nicolau Marmo, coordenador do Anglo.
Esses conteúdos, agora, em vez de serem cobrados de forma simples, são aplicados a situações práticas ou relacionados a outros assuntos. "Todos os vestibulares procuram contextualizar as perguntas no mundo do próprio estudante ou no científico. É preciso processar informações e transformá-las em conhecimentos úteis", disse Marmo.
De acordo com Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora do Objetivo, essa tendência tem feito com que as questões sejam mais profundas e relacionadas a fatos atuais. "O aluno hoje tem que prestar atenção nos fatos da atualidade para poder responder às perguntas. A preparação hoje tem de ser ao longo da vida inteira. Os professores têm de relacionar o que ensinam com o cotidiano desde quando os alunos são pequenos. Não adianta ser "vagal" a vida toda e depois fazer um semi-extensivo. É preciso ter formação."
Essa formação implica também conseguir lidar com diferentes linguagens. Ela exemplifica com as provas de geografia, que têm cobrado muita interpretação de gráficos, de tabelas e de imagens.
O mesmo, segundo o coordenador do Cursinho da Poli Edson Futema, tem ocorrido em biologia. "Principalmente a Unicamp tem essa característica. Em uma das perguntas da segunda fase, por exemplo, o candidato tinha de analisar com conceitos da biologia um texto jornalístico e identificar um erro sobre fungos."
De acordo com Futema, as chamadas "pegadinhas" (perguntas feitas com o intuito de fazer o candidato confundir a resposta certa) estão em extinção. "Às vezes, o texto do enunciado ou das alternativas pode ser dúbio, mas não é algo feito com o intuito de fazer o candidato errar. É um problema de redação apenas."


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