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BALANÇO 2004
Vestibulares confirmam tendências de outros anos
CONTEÚDOS SÃO APLICADOS A SITUAÇÕES PRÁTICAS OU RELACIONADOS A OUTROS ASSUNTOS, E DECORAR NÃO É O SUFICIENTE
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem grandes surpresas e confirmando tendências de anos anteriores. Assim foram os grandes
processos seletivos de 2004, segundo coordenadores de cursinho. Eles recomendam aos vestibulandos que olhem os exames
passados para saberem como serão os futuros.
Mesmo que individualmente algumas matérias tenham sido
mais fáceis ou mais complicadas,
no geral, o nível de dificuldade
permaneceu o mesmo. "Não percebo um movimento coletivo das
matérias para um nível maior ou
menor de dificuldade", disse Carlos Eduardo Bindi, coordenador
do Etapa.
Ele exemplifica com a prova de
matemática do ITA (Instituto
Tecnológico de Aeronáutica),
que, neste ano, foi considerada
uma das mais fáceis de sua história. Em compensação, segundo
ele, química e física mantiveram a
dificuldade. "Física teve alguns
tópicos avançados, que não são
comuns aos demais vestibulares."
Mesmo a primeira fase da Fuvest, que teve notas de corte mais
altas, não foi mais fácil, de acordo
com Bindi. A alta, segundo ele,
deveu-se ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que conta
20% da nota da primeira fase e,
neste ano, teve médias maiores do
que em anos anteriores.
Tendências confirmadas
Além de manter o nível de dificuldade, os vestibulares deste ano
mantiveram a tendência de cada
vez mais abandonar as questões
em que o candidato tem apenas
de lembrar um conteúdo decorado para acertá-las.
Isso não quer dizer, entretanto,
que, para conseguir uma vaga,
não é mais preciso conhecer conceitos ou tópicos das matérias. Ao
contrário, agora, é preciso saber
lidar com o que é aprendido.
"Os vestibulares evoluíram e
hoje se preocupam muito em analisar a estrutura mental dos candidatos, mas sem desprezar o conteúdo", disse Nicolau Marmo,
coordenador do Anglo.
Esses conteúdos, agora, em vez
de serem cobrados de forma simples, são aplicados a situações
práticas ou relacionados a outros
assuntos. "Todos os vestibulares
procuram contextualizar as perguntas no mundo do próprio estudante ou no científico. É preciso
processar informações e transformá-las em conhecimentos úteis",
disse Marmo.
De acordo com Vera Lúcia da
Costa Antunes, coordenadora do
Objetivo, essa tendência tem feito
com que as questões sejam mais
profundas e relacionadas a fatos
atuais. "O aluno hoje tem que
prestar atenção nos fatos da atualidade para poder responder às
perguntas. A preparação hoje tem
de ser ao longo da vida inteira. Os
professores têm de relacionar o
que ensinam com o cotidiano
desde quando os alunos são pequenos. Não adianta ser "vagal" a
vida toda e depois fazer um semi-extensivo. É preciso ter formação."
Essa formação implica também
conseguir lidar com diferentes
linguagens. Ela exemplifica com
as provas de geografia, que têm
cobrado muita interpretação de
gráficos, de tabelas e de imagens.
O mesmo, segundo o coordenador do Cursinho da Poli Edson
Futema, tem ocorrido em biologia. "Principalmente a Unicamp
tem essa característica. Em uma
das perguntas da segunda fase,
por exemplo, o candidato tinha
de analisar com conceitos da biologia um texto jornalístico e identificar um erro sobre fungos."
De acordo com Futema, as chamadas "pegadinhas" (perguntas
feitas com o intuito de fazer o candidato confundir a resposta certa)
estão em extinção. "Às vezes, o
texto do enunciado ou das alternativas pode ser dúbio, mas não é
algo feito com o intuito de fazer o
candidato errar. É um problema
de redação apenas."
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