São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008
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DEU NA MÍDIA

Ingrid Betancourt - símbolo contra a corrupção

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Seis dias atrás eu estava acorrentada a uma árvore. E agora estou livre. Estou tentando entender como vou viver daqui por diante". ("The New York Times" - 11.jul.2008)

Depois de seis anos e quatro meses como refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a ex-senadora e ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt foi finalmente libertada. Resgatada pelo Exército da Colômbia numa operação que contou com a participação do serviço de inteligência dos EUA, Ingrid mobilizou a atenção mundial enquanto sofria em cativeiro na selva colombiana.
De família tradicional, filha de Gabriel Betancourt, ex-ministro da Educação e embaixador da Colômbia na França, Ingrid estudou ciências políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris e retornou ao seu país em 1989, decidida a fazer política. Empunhando uma camisinha, candidatou-se, em 1994, ao cargo de deputada, defendendo a tese de que é preciso prevenir-se contra a corrupção. Dizia: "O meu nome é Ingrid Betancourt e sou candidata ao Parlamento.
Acredito que a corrupção é o equivalente político da AIDS. Ofereço-lhe um preservativo para que pense em mim no dia das eleições". Polêmica, a campanha chocou muitos, mas consagrou Ingrid como a deputada mais votada do país.
Dona de um discurso cortante, Ingrid afirmou diante do Congresso colombiano que o país estava sob o comando de "um delinqüente" em referência ao então presidente Ernesto Samper (1994-1998), que foi acusado de ter sua campanha financiada pelo narcotráfico. Sofreu em 1996 um atentado atribuído a narcotraficantes. Seu carro foi alvejado por uma rajada de metralhadora, mas ela não se intimidou.
Em 1998, com o lema "A corrupção é a Aids da nossa sociedade, protejam-se", candidatou-se ao Senado, obtendo uma votação expressiva. Em 2001, Ingrid decidiu candidatar-se à Presidência da República. Fundou um novo partido -o Oxigênio Verde, de cunho ecológico- e acrescentou às antigas bandeiras a questão ambiental.
Enquanto trabalhava na campanha, polêmica mais uma vez, pois escolheu como símbolo o Viagra, um "remédio para levantar a luta contra a corrupção", foi seqüestrada. Na ocasião, em fevereiro de 2002, essa estratégia de marketing não lhe dava nem 1% das intenções de voto. Mas, agora, conhecida mundialmente pelo martírio imposto pela guerrilha, seu nome surge forte na corrida pela sucessão do presidente Álvaro Uribe.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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