ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O presidente americano, George W. Bush, tem afirmado que pretende lançar uma ofensiva militar para derrubar o ditador iraquiano Saddam Hussein. Falta apenas definir uma data, um cronograma de ataque e convencer os aliados -entre eles, líderes do mundo árabe. Temerosa, Bagdá anunciou que está disposta a aceitar a fiscalização das Nações Unidas para o desarmamento. Mas exige a inclusão de observadores "neutros", no caso, não-americanos e não-militares. Bush afirma que a iniciativa não é sincera.
Segundo a versão de Washington, Hussein está armazenando armas de destruição em massa (químicas e biológicas) e desenvolvendo artefatos nucleares -razão para uma ação urgente.
A lógica da Casa Branca reafirma que a luta contra o terrorismo passa obrigatoriamente pela deposição do líder iraquiano. De antigo aliado, Hussein tornou-se o terrível vilão.
Explica-se: a revolução fundamentalista no Irã, em 1979, mudou por completo o cenário da região. Na ocasião, com o apoio logístico de Washington, Hussein invadiu seu vizinho, deflagrando a guerra Irã-Iraque (1980-1988). Uma vez fortalecido militarmente, invadiu o Kuait em 1990, provocando a ira americana.
Os EUA organizaram então uma coalizão com várias nações, da qual participaram países árabes, para derrotar as forças iraquianas. A Guerra do Golfo (1990-1991) devolveu a soberania ao Kuait, mas não eliminou Hussein.
A deposição do ditador passou a ser uma questão de honra para a família Bush. E os EUA novamente ameaçam invadir o Iraque. Semelhante ao pai, George Bush, na Guerra do Golfo, o atual presidente dos EUA pretende notabilizar-se como grande comandante americano, destruindo o terrorismo e um de seus maiores representantes. Tudo indica que dessa vez o serviço será concluído.