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HISTÓRIA
França: revolução, capitalismo e militarismo
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A Revolução Francesa foi um
dos grandes marcos da história
ocidental. Inspirada nos ideais
iluministas de liberdade, de igualdade e de direito à propriedade
privada, a burguesia comandou
um conjunto de transformações
que, de um lado, eliminaram o
Antigo Regime e, de outro, estabeleceram as condições para a
consolidação do capitalismo no
país. Tornou-se, assim, uma classe social hegemônica, como já havia ocorrido na Inglaterra.
No entanto outros setores sociais participaram da revolução
com projetos diferentes. Entre
eles, os jacobinos -representantes da massa urbana que defenderam os ideais radicais de democracia propostos por Rousseau.
As disputas que envolveram as
diversas classes sociais foram o fator que prolongou o movimento
revolucionário, dado que os privilégios das velhas ordens -assim
como o Absolutismo- já haviam
sido eliminados. Essa disputa de
classe é conhecida como a disputa
entre girondinos e montanheses,
embora existissem facções internas em cada um dos grupos.
Oficialmente, a Revolução
Francesa acaba com o golpe de 18
Brumário, em 1799, quando o governo do diretório foi derrubado
e se formou um novo governo.
Começava a "era napoleônica", talvez o período em que tenha havido o maior personalismo já visto
na história, como se fosse possível
o general ter chegado ao poder
por conta própria e governado da
maneira que julgou melhor. O
termo utilizado -"era napoleônica'- serve para supervalorizar o
papel do Exército e de um homem
apresentado como grande general
e, ao mesmo tempo, para esconder o que está por trás de sua ascensão: os interesses de classe, de
uma classe apenas: a burguesia.
Muitas vezes somos levados a
relacionar os feitos do governo de
Napoleão (parece campanha política), mas poucos entendem quais
são os significados desses feitos;
nem todos percebem de que maneira a estrutura militar foi usada
para consolidar os interesses da
burguesia -principalmente do
ponto de vista econômico.
Uma dessas grandes realizações
foi o Código Civil, chamado muitas vezes de "código napoleônico", cujas premissas são os princípios iluministas. Qual seria então
o interesse por trás do Código Civil, do expansionismo ou do bloqueio continental?
Dica: apesar da ligação direta do
governo napoleônico com a burguesia, existiram contradições
nas suas relações com as classes
sociais. Você consegue destacar
uma delas? É possível justificá-la?
Claudio B. Recco é coordenador do site www.historianet.com.br, professor do
Curso Objetivo e autor do livro "História em Manchete - Na Virada do Século"
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