São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002
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HISTÓRIA

França: revolução, capitalismo e militarismo

CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Revolução Francesa foi um dos grandes marcos da história ocidental. Inspirada nos ideais iluministas de liberdade, de igualdade e de direito à propriedade privada, a burguesia comandou um conjunto de transformações que, de um lado, eliminaram o Antigo Regime e, de outro, estabeleceram as condições para a consolidação do capitalismo no país. Tornou-se, assim, uma classe social hegemônica, como já havia ocorrido na Inglaterra.
No entanto outros setores sociais participaram da revolução com projetos diferentes. Entre eles, os jacobinos -representantes da massa urbana que defenderam os ideais radicais de democracia propostos por Rousseau.
As disputas que envolveram as diversas classes sociais foram o fator que prolongou o movimento revolucionário, dado que os privilégios das velhas ordens -assim como o Absolutismo- já haviam sido eliminados. Essa disputa de classe é conhecida como a disputa entre girondinos e montanheses, embora existissem facções internas em cada um dos grupos.
Oficialmente, a Revolução Francesa acaba com o golpe de 18 Brumário, em 1799, quando o governo do diretório foi derrubado e se formou um novo governo. Começava a "era napoleônica", talvez o período em que tenha havido o maior personalismo já visto na história, como se fosse possível o general ter chegado ao poder por conta própria e governado da maneira que julgou melhor. O termo utilizado -"era napoleônica'- serve para supervalorizar o papel do Exército e de um homem apresentado como grande general e, ao mesmo tempo, para esconder o que está por trás de sua ascensão: os interesses de classe, de uma classe apenas: a burguesia.
Muitas vezes somos levados a relacionar os feitos do governo de Napoleão (parece campanha política), mas poucos entendem quais são os significados desses feitos; nem todos percebem de que maneira a estrutura militar foi usada para consolidar os interesses da burguesia -principalmente do ponto de vista econômico.
Uma dessas grandes realizações foi o Código Civil, chamado muitas vezes de "código napoleônico", cujas premissas são os princípios iluministas. Qual seria então o interesse por trás do Código Civil, do expansionismo ou do bloqueio continental?
Dica: apesar da ligação direta do governo napoleônico com a burguesia, existiram contradições nas suas relações com as classes sociais. Você consegue destacar uma delas? É possível justificá-la?


Claudio B. Recco é coordenador do site www.historianet.com.br, professor do Curso Objetivo e autor do livro "História em Manchete - Na Virada do Século"


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