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ATUALIDADES
França proíbe símbolo religioso ostensivo
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Começou a vigorar no início
deste mês na França a Lei da
Laicidade, que proíbe o uso de
qualquer símbolo religioso ostensivo, como o véu islâmico, a cruz
católica ou o kipá judaico, nas escolas e nas repartições públicas.
A "lei do véu" foi elaborada por
um grupo de notáveis e enfrentou
uma série de críticas, principalmente dos muçulmanos, maior
comunidade islâmica da Europa.
Os seguidores do Alcorão (o livro sagrado dos muçulmanos) resistem ostensivamente a cumprir
as leis francesas. Na escola, alegam motivos religiosos para se
ausentarem das aulas de biologia
quando o tema em questão é a reprodução sexual. Nos hospitais
públicos, exigem que as mulheres
sejam atendidas por médicas e
não por profissionais do sexo
masculino. Como destacou o
pensador Alain Touraine, a polêmica do véu islâmico "mostra a
dificuldade em conciliar o respeito ao pluralismo cultural com a
resistência ao comunitarismo que
ameaça a idéia de cidadania".
Para os que reprovam a decisão
do governo francês, a nova legislação toca em um dos pilares históricos da tradição francesa -a
democracia e o Estado republicano. Argumentam que, se concebemos um Estado democrático
como um espaço pleno das manifestações individuais, do respeito
às diferenças e do convívio harmonioso das diversidades, essa lei
fere um princípio democrático ao
limitar a liberdade religiosa.
Os defensores destacam que
mesmo as minorias de diversas
culturas e religiões que insistem
em manter seus costumes devem
respeito à Constituição francesa.
De modo que jovens árabes não
podem se negar a tirar o véu para
serem fotografadas para a carteira
de identidade. Vale dizer que, para cerca de 60% dos franceses, a
questão é simples: se pretendem
continuar vivendo no país, terão
de respeitar as leis francesas.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail:
rcandelori@uol.com.br
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