São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008
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CARREIRA

Oceanógrafo tem formação ampla para entender o mar

Profissional atua em áreas em expansão hoje, como petróleo

Rafael Andrade/Folha Imagem
Tomás se formou na Uerj em 2005 e, hoje, além de fazer mestrado, trabalha em uma multinacional

CRISTINA MORENO DE CASTRO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Exploração de petróleo, preservação ambiental e mudanças climáticas são apenas três das áreas em que o oceanógrafo pode atuar e que estão com demanda crescente no Brasil.
O estudioso dos oceanos pode ainda trabalhar na pesca, desenvolver métodos de saneamento e abastecimento de água, além de proteger espécies ameaçadas e praias assoreadas.
"Mais do que estudar os organismos marinhos, a oceanografia estuda todos os componentes dos ambientes marinhos e de transição, vivos e não-vivos, assim como todos os processos que ali ocorrem", diz o coordenador do curso de Oceanologia da Furg (Universidade Federal do Rio Grande), Luiz Krug.
É por isso que não basta gostar de biologia e ser apaixonado pelo mar para fazer o curso, dizem os especialistas. Enquadrada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico como uma ciência exata e da terra, a oceanografia é interdisciplinar e exige dos alunos e profissionais conhecimentos de matemática, física, química, biologia e geologia, entre outras disciplinas.
Foi o que assustou a vestibulanda de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) Gabrielly Ribeiro, 18, que vai prestar vestibular para oceanografia na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) neste ano: "Quando optei por essa carreira, pensei que fosse relacionada à geografia e à biologia. Quando descobri que as matérias específicas do vestibular são matemática e física, fiquei balançada". No entanto, mesmo assim, ela decidiu se preparar bastante para prestar o curso de que gosta.
O curso da USP, criado em 2002, cobra, logo nos primeiros períodos, noções de estatística, cálculo diferencial e química analítica qualitativa. Mas também oferece em sua grade curricular as disciplinas sobrevivência em alto-mar, ecologia aquática e poluição marinha.
Todos os cursos têm pelo menos cem horas de aulas práticas em barcos de pesquisa. No da USP, por exemplo, além dessas aulas, o aluno é obrigado a passar 150 horas embarcado, em projeto paralelo. "Pode ser desde projetos que vão para a Antártica a projetos em plataformas de petróleo brasileiras", diz a presidente da comissão de graduação do curso da USP, Márcia Bícego.
O gaúcho Ricardo Domingues, 20, que está no sexto período de oceanografia na Universidade Federal da Bahia, gosta das aulas em campo. "A proposta do curso é muito interessante, e a possibilidade de juntar o útil com o agradável é bem atrativa", diz.
Outro atrativo é o mercado de trabalho, que está em expansão. "As empresas que prestam serviços na área ambiental à indústria do petróleo e gás oferecem as melhores oportunidades", diz Krug.
Tomás Peixoto, 26, que se formou pela Uerj em 2005, foi um dos beneficiados por um mercado de trabalho com vagas "sobrando", como ele define. Ele faz mestrado em geologia e conseguiu emprego na multinacional Fugro Brasil, prestando serviço para empresas como a Petrobras.
Para ele, o diferencial do oceanógrafo é possuir uma formação ampla sobre todos os assuntos relacionados ao oceano. "Temos conhecimento de geologia, biologia, oceanografia física -ondas, correntes e marés-, química dos oceanos -poluição-, além de meteorologia, astronomia e navegação, ou seja, uma formação bem abrangente."


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