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HISTÓRIA
A Revolução Industrial e a América Latina
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A Revolução Industrial do século 18 foi responsável por grandes mudanças na Inglaterra, na
Europa e na América.
Na Inglaterra do século 18, a
burguesia era a classe social hegemônica, que controlava o Estado
desde as revoluções do século anterior -Puritana e Gloriosa- e
assumia efetivamente o controle
da economia, promovendo a consolidação do capitalismo (com a
separação definitiva entre capital
e trabalho), do trabalho assalariado e da expansão de seu modelo
econômico para o restante da Europa e da América.
Ao mesmo tempo, ocorreram a
Revolução Americana e a Revolução Francesa. Esse conjunto de revoluções é normalmente tratado
como Revoluções Burguesas, pois
é responsável por colocar em prática os projetos dessa classe social,
abrindo caminho para a sua hegemonia e, principalmente, para a
consolidação do capitalismo.
Desde as revoluções do século
18, o capitalismo se fortaleceu e
determinou a dinâmica das relações sociais e de poder.
O capitalismo se consolidou como um sistema econômico mundial, e todas essas transformações,
que representaram o avanço do
capitalismo e da burguesia, tiveram importante repercussão na
América Latina e foram fundamentais para os processos de independência das colônias ibéricas, assim como para a formação
dos novos Estados nacionais. Não
é possível entender a formação
dos Estados na América Latina
sem perceber as transformações
vividas pela estrutura capitalista.
Mas cada um dos novos países
possui suas próprias características e se articulará com os interesses ingleses de maneira específica.
Isso significa dizer que as independências na América ocorreram não apenas pelo interesse inglês mas também a partir de diversos interesses dos grupos sociais latino-americanos, seja das
elites coloniais, que pretenderam
se enquadrar na nova dinâmica
da economia mundial, seja de novas camadas sociais, que contestaram esse enquadramento.
Se entre os países capitalistas a
hegemonia inglesa será contestada e depois superada, na América
a política das elites pró-Inglaterra
também será contestada -tanto
por setores sociais que defendem
a industrialização como pelas revoltas de grupos marginalizados,
mesmo que não tenham um projeto definido como alternativo.
Dica: Perceba que o desenvolvimento da América está vinculado
à dinâmica internacional, mas essa relação não é determinista.
Claudio B. Recco é coordenador do site
www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - na Virada do Século"
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