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      São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003
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HISTÓRIA

A Revolução Industrial e a América Latina

CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Revolução Industrial do século 18 foi responsável por grandes mudanças na Inglaterra, na Europa e na América.
Na Inglaterra do século 18, a burguesia era a classe social hegemônica, que controlava o Estado desde as revoluções do século anterior -Puritana e Gloriosa- e assumia efetivamente o controle da economia, promovendo a consolidação do capitalismo (com a separação definitiva entre capital e trabalho), do trabalho assalariado e da expansão de seu modelo econômico para o restante da Europa e da América.
Ao mesmo tempo, ocorreram a Revolução Americana e a Revolução Francesa. Esse conjunto de revoluções é normalmente tratado como Revoluções Burguesas, pois é responsável por colocar em prática os projetos dessa classe social, abrindo caminho para a sua hegemonia e, principalmente, para a consolidação do capitalismo.
Desde as revoluções do século 18, o capitalismo se fortaleceu e determinou a dinâmica das relações sociais e de poder.
O capitalismo se consolidou como um sistema econômico mundial, e todas essas transformações, que representaram o avanço do capitalismo e da burguesia, tiveram importante repercussão na América Latina e foram fundamentais para os processos de independência das colônias ibéricas, assim como para a formação dos novos Estados nacionais. Não é possível entender a formação dos Estados na América Latina sem perceber as transformações vividas pela estrutura capitalista.
Mas cada um dos novos países possui suas próprias características e se articulará com os interesses ingleses de maneira específica. Isso significa dizer que as independências na América ocorreram não apenas pelo interesse inglês mas também a partir de diversos interesses dos grupos sociais latino-americanos, seja das elites coloniais, que pretenderam se enquadrar na nova dinâmica da economia mundial, seja de novas camadas sociais, que contestaram esse enquadramento.
Se entre os países capitalistas a hegemonia inglesa será contestada e depois superada, na América a política das elites pró-Inglaterra também será contestada -tanto por setores sociais que defendem a industrialização como pelas revoltas de grupos marginalizados, mesmo que não tenham um projeto definido como alternativo.
Dica: Perceba que o desenvolvimento da América está vinculado à dinâmica internacional, mas essa relação não é determinista.


Claudio B. Recco é coordenador do site www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - na Virada do Século"


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