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      São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003
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ATUALIDADES

Nobel da Paz vai para a iraniana Shirin Ebadi

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Shirin Ebadi, 56, iraniana, advogada e defensora dos direitos humanos, foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz de 2003. Escritora e professora da Universidade de Teerã, Ebadi foi a primeira juíza do país. O Comitê Nobel norueguês justificou a escolha pelo seu trabalho como ativista política na defesa dos direitos da mulher, na luta pela democracia e contra as injustiças sociais.
Militante muçulmana, representa a corrente reformista da política no Irã. Após a Revolução Iraniana e a ascensão do aiatolá Khomeini, em 1979, foi obrigada a renunciar ao seu posto de juíza. Para o clero conservador do Irã, "as mulheres são demasiadamente emotivas para administrar a Justiça". Seu testemunho perante um tribunal vale a metade e, no caso de herança, recebe 50% do que um homem tem direito.
A eleição do presidente Mohamed Khatami, em 1997, fortaleceu a posição dos reformistas, que buscavam uma maior flexibilidade nas leis islâmicas e a aproximação com o Ocidente. Sua reeleição, em junho de 2001, com 77% dos votos, reafirmou o compromisso do povo iraniano com a democracia e com a ampliação dos direitos fundamentais.
Num momento em que se confrontam, de um lado, os reformistas alinhados ao presidente Khatami, e do outro, o clero fundamentalista ligado ao aiatolá Ali Khamenei, a premiação de Shirin Ebadi tem um importante significado político: o reconhecimento e o estímulo para a continuidade do processo de transformação da sociedade iraniana.
Mas o presidente George W. Bush, empenhado em isolar o Irã, alinhou o país às nações do "eixo do mal". Washington não percebeu que condenar o regime de Teerã significa reforçar a posição dos aiatolás e fragilizar a dos reformistas. O clero xiita iraniano, ultraconservador, agradece.


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br


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