São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002
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MANTENHA O RUMO

INFINIDADE DE PÁGINAS PODE CONFUNDIR VESTIBULANDO E DESVIAR O FOCO DO ESTUDO

Estude na internet sem cair em armadilhas

Luciana Cavalcante/Folha Imagem
ACESSO GRATUITO Jovens utilizam computadores do Telecentro Sé, no centro de São Paulo; no local, estão disponíveis, das 9h às 20h, 20 micros (tel. 0/xx/11/5080-9633)

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A internet pode ser uma boa forma de complementar o aprendizado, desde que o aluno saiba escolher o que acessar e não perca o foco do estudo em salas de bate-papo, sites de piadas e outras páginas com conteúdo não muito útil nem muito confiável para quem vai prestar vestibular.
Os mecanismos de busca, como Google (www.google.com), All the Web (www.alltheweb.com) e Yahoo! (www.yahoo.com), ajudam o estudante a achar as informações de que precisa. O problema é que geralmente eles indicam uma enorme quantidade de sites e muitos com informações indesejadas. Quando se digita a palavra vestibular no Google, por exemplo, o estudante recebe a indicação de 403 mil páginas.
Para resolver o problema, deve-se tentar refinar ao máximo a busca, definindo exatamente o que se quer. Em vez de "vestibular", digitar "relação candidato/vaga na Fuvest", pode ser mais útil para encontrar esse dado.
Porém, antes de pensar que tudo o que está em um site é verdadeiro e utilizar as informações na hora da prova, o vestibulando deve tomar algumas precauções para saber se uma página é realmente confiável.
O primeiro passo é saber quem está fornecendo as informações. Páginas de universidades, de órgão oficiais e de institutos de pesquisa são mais confiáveis do que as pessoais gratuitas, por exemplo. "Deve-se verificar quem é o autor da página, se ele é conhecedor da área a que se propõe a falar", disse Ursula Blattmann, professora de biblioteconomia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e especialista em novas tecnologias da informação.
Ela sugere também estar atento ao propósito do site. Por exemplo, verificar se uma página é comercial, é de humor ou é de divulgação de pesquisas. "As páginas comerciais têm o propósito de vender algo, seja produto ou seja informação, e o estudante tem de saber disso antes usar esses dados", disse Ursula.
O vestibulando Rafael Humberto Moretti, 17, não acessa sites pessoais e fica apenas nas páginas especializadas em física, matemática e astronomia. Ele guarda o endereço de seus sites prediletos em um arquivo para facilitar encontrá-los depois.
Para reforçar os estudos, o estudante costuma também procurar exercícios que já caíram em vestibulares passados ou em provas da Olimpíada Brasileira de Matemática e de Física.
Uma dica de Pierluigi Piazzi, professor de física do Anglo, para verificar a veracidade de um dado é cruzar as informações. "Se um mesmo dado se repete em uma dúzia de sites, é provável que seja correto. Se há contradições entre eles, deve-se procurar saber qual está certo [continuando a pesquisa]", disse Piazzi.
Segundo ele, a internet é uma excelente forma de complementar os estudos, sobretudo se substituir as horas perdidas com a televisão. "A internet tem um material de pesquisa vastíssimo. Recomendo a todos os vestibulandos que substituam a novela e a televisão pela internet. A TV é a coisa mais maléfica para o estudante."
Já Carlos Eduardo Bindi, coordenador do Etapa, acredita que o vestibulando não deva perder tempo estudando pela rede. Segundo ele, o estudo pela internet é mais superficial do que nos livros e nas apostilas e o vestibulando ainda corre o risco de ficar viciado em navegar pelos sites.
"Estudar é uma coisa que exige esforço, não é algo rápido como acontece na internet. Para absorver o conhecimento mais extenso e profundo, que é pedido nas provas, os meios tradicionais são mais eficientes", disse ele.



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