São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006
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NA VOLTA

Intercâmbio exige esforço extra

Com professor particular, no cursinho ou na escola, é preciso recuperar conteúdo perdido

CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO

Durante seis meses ou um ano, o jovem experimenta a vida de estudante em outro país. Mora com uma família local, vai à mesma escola que os outros adolescentes, assiste às aulas e se diverte como eles. Mas um dia o intercâmbio acaba. É hora de voltar para o Brasil e, de repente, o vestibular.
"A gente volta e é um "boom", já está tudo acontecendo. Não estava com esse pique todo e fiquei meio desesperada", conta Juliana Palhares Garcia Amoroso, 21, que, durante o ensino médio, passou seis meses nos Estados Unidos e voltou no começo do terceiro ano.
Passado o susto da chegada, os intercambistas precisam recuperar o conteúdo perdido na escola e logo são tragados pela ansiedade do vestibular. "Quando voltei, tive um pouco de dificuldade de acompanhar. Não é tão fácil. Fiz aulas particulares de física e de matemática. As matérias nas quais eu já tinha facilidade consegui acompanhar. Mas tive que estudar, fica uma lacuna e você tem que dar uma corrida atrás", conta Juliana, que hoje cursa o quarto ano de turismo na PUC.
A gerente nacional de "high school" do STB, Vivian Laureano, explica que a orientação do Ministério da Educação e a exigência de grande parte das escolas é que o estudante faça, pelo menos, cinco matérias quando estiver fora: inglês (ou a língua do país), matemática, uma da área de ciências, uma da de humanas e educação física. Ou seja, uma parte daquilo que será exigido no vestibular acaba ficando para trás. "Tem escola que só pede três matérias, outras pedem sete. Também depende do país, no Canadá, por exemplo, o intercambista só pode fazer quatro matérias, na Holanda, até 12 ou 13."
De acordo com professores, é fundamental fazer um esforço extra para conseguir recuperar as matérias que não foram vistas. "Eles podem perder algum conteúdo, até porque os conteúdos não são idênticos. Alguns são aproximados, matemática, por exemplo, mas história é muito diferente", afirma a psicóloga e coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Ângela Soligo. "É importante retomar aquilo que a pessoa sente que faz falta, no cursinho, com professor particular ou até dentro da escola, com um programa de estudos. No geral, elas ajudam na volta."
Para muitos jovens, conciliar o sonho do intercâmbio com a necessidade do vestibular assusta. Nathalie Maschio Maccabelli, 21, afirma que isso era uma preocupação. "Eu morria de medo de ir por causa do vestibular. Na volta, conversei com os professores e eles se dispuseram a me ajudar. Peguei as apostilas anteriores para dar uma revisada. Foi tranqüilo, consegui recuperar", diz ela, que entrou na faculdade sem fazer cursinho e hoje cursa publicidade na Faap.


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