São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009
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EM GREVE

Universidades afirmam repor aulas

USP, Unesp e Unicamp dizem que calendário é obedecido, mesmo em período de greve

RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO

As universidades públicas estaduais de São Paulo dizem repor as aulas perdidas quando há greve. Assim, afirmam, não há prejuízo direto ao aluno.
"Independentemente da realização de uma greve ou paralisação durante o ano letivo, a carga horária de todos os componentes curriculares de cada curso deve ser cumprida", diz Sheila Zambello de Pinho, pró-reitora de graduação da Unesp, por meio da assessoria de imprensa da instituição.
O calendário de reposição, afirmou a pró-reitora, depende de cada unidade da Unesp -são 32 no Estado. A carga horária também varia.
A última grande greve da Unesp ocorreu em 2007, ao lado de USP e Unicamp. Na ocasião, professores e funcionários pararam por discordar de um decreto do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que no entendimento deles retirava autonomia das universidades. Ao menos dez unidades da Unesp foram prejudicadas.
A USP mencionou a reposição de aulas, mas ninguém da reitoria quis dar entrevista. Em 2007, os alunos da universidade chegaram a perder 47 dias letivos, compensados no período de férias.
Na Unicamp, cerca de 15% das aulas foram prejudicadas naquele ano. A universidade, em nota, afirmou que as paralisações não têm afetado as aulas, porque a adesão é baixa.
Quando há greve, a instituição diz que "invariavelmente recorre à negociação" para evitar que eventuais paralisações afetem as "atividades de ensino, pesquisa e prestação de serviços à comunidade".

Desgaste
Para Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação da USP, sempre há "desgaste" quando as aulas são interrompidas em razão de uma greve -ela cita, por exemplo, a necessidade de reposição do conteúdo perdido nas férias.
A professora pondera, entretanto, que a manifestação é legítima e expõe diferenças de posicionamento que exigem discussão.
"A situação de normalidade é a ideal, mas, tendo em vista que diferenças de entendimento existem e têm de ser discutidas, é preciso se esforçar para que nenhum prejuízo ocorra para o aluno e à pesquisa."

Sindicatos
Os sindicatos de professores e funcionários dizem que os alunos entendem as reivindicações, mesmo que as aulas sejam suspensas e alguns serviços -biblioteca, restaurante e ônibus circular, por exemplo- deixem de funcionar.
Eles sustentam que as conquistas obtidas com as greves beneficiam a universidade e, por consequência, os alunos.
"Não estamos prejudicando o aluno. Nossa luta é uma por uma universidade viável. O prejuízo seria aumentar o número de alunos sem aumentar o orçamento", afirma Otaviano Helene, professor de física e presidente da Adusp (associação dos professores da USP).
Para Olga Santos, coordenadora administrativa do Sintunesp (sindicato dos funcionários da Unesp), "manifestação que não cause prejuízo não tem valor". "A intenção é incomodar para que a outra parte possa responder", afirma.
"Eu acho que esse método de manifestação é ultrapassado no tempo. Eu me manifestaria de outra forma, mas acho que os funcionários têm esse direito à greve e os alunos compreendem", afirma Karina Nakahara, 25, aluna do segundo ano de artes visuais da Unesp no campus da Barra Funda, em São Paulo.
"Muitas vezes a opinião pública faz uma ideia errada do movimento grevista, como se fosse bagunça, e a gente sabe que não é."


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