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EM GREVE
Universidades afirmam repor aulas
USP, Unesp e Unicamp dizem que calendário é obedecido, mesmo em período de greve
RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO
As universidades públicas estaduais de São Paulo dizem repor as aulas perdidas quando
há greve. Assim, afirmam, não
há prejuízo direto ao aluno.
"Independentemente da realização de uma greve ou paralisação durante o ano letivo, a
carga horária de todos os componentes curriculares de cada
curso deve ser cumprida", diz
Sheila Zambello de Pinho, pró-reitora de graduação da Unesp,
por meio da assessoria de imprensa da instituição.
O calendário de reposição,
afirmou a pró-reitora, depende
de cada unidade da Unesp -são
32 no Estado. A carga horária
também varia.
A última grande greve da
Unesp ocorreu em 2007, ao lado de USP e Unicamp. Na ocasião, professores e funcionários
pararam por discordar de um
decreto do governador de São
Paulo, José Serra (PSDB), que
no entendimento deles retirava
autonomia das universidades.
Ao menos dez unidades da
Unesp foram prejudicadas.
A USP mencionou a reposição de aulas, mas ninguém da
reitoria quis dar entrevista. Em
2007, os alunos da universidade chegaram a perder 47 dias
letivos, compensados no período de férias.
Na Unicamp, cerca de 15%
das aulas foram prejudicadas
naquele ano. A universidade,
em nota, afirmou que as paralisações não têm afetado as aulas, porque a adesão é baixa.
Quando há greve, a instituição diz que "invariavelmente
recorre à negociação" para evitar que eventuais paralisações
afetem as "atividades de ensino, pesquisa e prestação de serviços à comunidade".
Desgaste
Para Sonia Penin, diretora da
Faculdade de Educação da
USP, sempre há "desgaste"
quando as aulas são interrompidas em razão de uma greve
-ela cita, por exemplo, a necessidade de reposição do conteúdo perdido nas férias.
A professora pondera, entretanto, que a manifestação é legítima e expõe diferenças de
posicionamento que exigem
discussão.
"A situação de normalidade é
a ideal, mas, tendo em vista que
diferenças de entendimento
existem e têm de ser discutidas,
é preciso se esforçar para que
nenhum prejuízo ocorra para o
aluno e à pesquisa."
Sindicatos
Os sindicatos de professores
e funcionários dizem que os
alunos entendem as reivindicações, mesmo que as aulas sejam
suspensas e alguns serviços
-biblioteca, restaurante e ônibus circular, por exemplo-
deixem de funcionar.
Eles sustentam que as conquistas obtidas com as greves
beneficiam a universidade e,
por consequência, os alunos.
"Não estamos prejudicando
o aluno. Nossa luta é uma por
uma universidade viável. O
prejuízo seria aumentar o número de alunos sem aumentar
o orçamento", afirma Otaviano
Helene, professor de física e
presidente da Adusp (associação dos professores da USP).
Para Olga Santos, coordenadora administrativa do Sintunesp (sindicato dos funcionários da Unesp), "manifestação
que não cause prejuízo não tem
valor". "A intenção é incomodar para que a outra parte possa
responder", afirma.
"Eu acho que esse método de
manifestação é ultrapassado no
tempo. Eu me manifestaria de
outra forma, mas acho que os
funcionários têm esse direito à
greve e os alunos compreendem", afirma Karina Nakahara,
25, aluna do segundo ano de artes visuais da Unesp no campus
da Barra Funda, em São Paulo.
"Muitas vezes a opinião pública faz uma ideia errada do
movimento grevista, como se
fosse bagunça, e a gente sabe
que não é."
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