São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009
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CICLO BÁSICO

Entre as vantagens, está a formação interdisciplinar

Ciclo básico oferece um conhecimento mais amplo

Rafael Andrade/Folha Imagem
Indeciso, Giorgio cursa ciclo básico de engenharias da UFRJ

NATÁLIA SOARES
LUIZA BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Giorgio Sgarbi, 18, está em seu terceiro curso de engenharia. Em 2008, fez engenharia de computação e informação, mudou para produção e, no fim do ano, decidiu prestar vestibular na UFRJ novamente. A solução para a indecisão foi a escolha pelo curso da universidade que oferece um ciclo básico, em que o aluno faz disciplinas comuns a todas as engenharias e só depois opta por uma carreira.
Cursos com ciclo básico são uma opção tanto para adiar a decisão como para obter uma formação mais interdisciplinar. Com a mudança, Giorgio ganhou dois anos para escolher a sua especialização. "Não estava pronto para decidir", afirma.
Existem dois tipos de ciclo básico: no primeiro, o aluno entra na faculdade e só depois decide pelo curso ou habilitação. No segundo, decide sua carreira já no vestibular, mas tem aulas comuns com outros cursos e faz as mais específicas depois.
Recentemente, as universidades passaram a investir ainda em uma nova formação, com matérias comuns a vários cursos: os bacharelados interdisciplinares. Nessa modalidade, o aluno pode fazer dois ou três anos de curso e sair com uma formação geral. Se quiser, fica mais tempo na faculdade e opta por uma graduação específica.
O coordenador do vestibular da Unicamp, Renato Pedrosa, diz acreditar numa tendência de flexibilização das carreiras. "A formação específica acaba acontecendo na vida profissional." Na instituição, os cursos em que a escolha acontece depois do vestibular são o de ciências da terra -que engloba os cursos de geologia e geografia- e o Cursão -no qual os alunos optam entre física, matemática e matemática aplicada e computacional.
Está em estudo, para 2011, a ampliação do Cursão, com a inclusão de mais graduações. Segundo o coordenador, a entrada comum aumenta o nível dos candidatos. "As carreiras mais disputadas "puxam" a nota de corte do grupo para cima."
Para Edmilson Lima, diretor do Centro de Tecnologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), onde o curso de engenharia tem ciclo básico, o modelo diminui a evasão, pois os alunos têm palestras explicativas sobre as carreiras nos primeiros semestres e, na hora de escolher, se sentem mais seguros. "Eles chegam aqui muito jovens, não têm maturidade para decidir ainda", diz.
O pró-reitor adjunto da Unifesp, Nildo Alves Batista, concorda. "A vantagem do ciclo básico é romper com essa ideia de que a escolha deve ser feita aos 17 anos." Na federal, os alunos de ciências químicas e farmacêuticas do campus de Diadema escolhem entre os dois cursos só no fim do segundo ano.


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