São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009
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CICLO BÁSICO

Nas federais, bacharelados oferecem grade flexível

Após 2 ou 3 anos básicos, aluno se forma ou opta por curso específico

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um curso universitário de três anos, de onde o estudante sai com uma formação geral em uma grande área do conhecimento, mas, se quiser, cursa mais um ou dois anos e sai com um diploma na profissão que escolher. Os bacharelados interdisciplinares, oferecidos em algumas universidades federais brasileiras nos últimos anos, começaram a aparecer após a implantação do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).
O programa, que contemplará as instituições com verbas até 2012, tem alguns pressupostos, como a flexibilização da grade curricular. A secretária da Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci, diz que o ministério incentiva a criação desses cursos e os vê como uma "alternativa intermediária" a quem não pretende fazer um curso tradicional.
"A revisão dos currículos é um movimento que está acontecendo em todo o mundo. Cursos de formação geral são comuns nos EUA e na Europa. A vantagem [dos bacharelados] é que eles oferecem uma formação adequada a um mundo cada vez mais dinâmico. Não podemos nos prender a modelos acadêmicos que eram atuais há algumas décadas e que hoje talvez não sejam", diz ela.
Na UFBA (Universidade Federal da Bahia), onde o projeto teve início neste ano, o aluno escolhe entre quatro grandes áreas: artes, humanidades, ciência e tecnologia e saúde. Em todas, os alunos têm aulas de língua portuguesa e estudos da contemporaneidade.
A grande diferença em relação a cursos tradicionais, segundo o reitor Naomar de Almeida Filho, é que o aluno monta a sua grade. Depois de três anos, o estudante tem duas opções: se forma ou escolhe um curso específico.
"A ideia, aí, não é produzir mais uma profissão", diz Naomar. "O mercado de trabalho é exclusivo de profissões?", questiona ele, que diz acreditar que o mercado é ocupado, cada vez mais, por profissionais que não atuam em áreas específicas.
Criada em 2005, a UFABC oferecia até o ano passado apenas o bacharelado interdisciplinar de ciência e tecnologia. Após três anos, o aluno se forma ou então pode escolher entre: oito modalidades de engenharia; bacharelados em áreas como biologia e ciência da computação; ou licenciaturas como química e física.
Neste vestibular, a universidade passou a oferecer o curso de ciências e humanidades, em São Bernardo do Campo, cujas formações específicas poderão ser bacharelado e licenciatura em filosofia, economia ou gestão de políticas públicas. "Não se pode mais pensar numa formação para a vida toda. É preciso se reciclar, e isso depende de uma boa formação básica", crê Helio Waldman, pró-reitor de graduação da UFABC.
Concluindo o terceiro ano na UFABC, Rodrigo Martins, 24, diz que vai terminar o bacharelado e a licenciatura em química. Para ele, a vantagem do curso é poder escolher enquanto conhece melhor cada área. "Mas a desvantagem é, por exemplo, a pessoa que sabe que quer engenharia fazer disciplinas de biologia e vice-versa. Eu entrei em dúvida entre química e engenharia e reprovei em cálculo", exemplifica.
A vestibulanda Nicolly Bovolini, 19, não sabe que carreira seguir. "Vou tentar moda na USP e vou prestar a UFABC", conta. "Quero engenharia ambiental, mas, se sentir que não pegarei o ritmo de exatas, posso optar por algo ligado a biologia, de que também gosto."


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