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CARREIRA
Estatístico atua como "cartomante racional"
Profissional faz previsões com base em informações e observação
DA REPORTAGEM LOCAL
A disciplina do invisível. A arte de fazer afirmações sobre algo que ainda não aconteceu de
maneira lógica e apropriada.
Tal função colocaria o estatístico no patamar de um "cartomante racional".
É dessa maneira romântica e
entusiasmada que o professor
Carlos Alberto de Bragança Pereira, do IME (Instituto de Matemática e Estatística) da USP
classifica a área do saber. "Podem dizer que estatística é um
monte de números, mas isso é
conseqüência."
Segundo o professor, até para
escolher entre dois medicamentos a serem ministrados a
um paciente o médico emprega
estatística. Como? É simples: é
impossível, de antemão, saber
qual será efetivamente o efeito
do remédio em um organismo.
Por isso os conhecimentos sobre as conseqüências das drogas em outros pacientes são levados em conta. Daí, a melhor
resposta observada ajuda a decidir qual o caminho.
"O estatístico tem um problema e vai buscar informações. Utiliza probabilidades,
avalia as chances: isso é o método estatístico", explica Pereira.
Assim, a estatística lida diretamente com a coleta de informações, a avaliação das alternativas para solucionar conflitos e
com as conseqüências de uma
decisão, sem que ela tenha sido
tomada ainda.
A necessidade da estatística
em diferentes campos do saber
faz com que a atuação profissional seja ampla -na indústria, no marketing, na saúde ou
ainda no setor público. Pereira
mesmo tem trabalhos ligados à
medicina, à economia e ao mercado financeiro. E, segundo o
professor, boa parte dos alunos
que se identificaram com o curso conseguiram emprego.
Fábio Fernando da Silva, 31,
optou por trabalhar com consultorias. "Tenho trabalhos na
Subprefeitura da Capela do Socorro, em São Paulo, para organizar dados e gerar o melhor
modelo de gestão. Com o governo do Estado, estou em um projeto para avaliar laboratórios
que testam HIV. E também trabalho com a ONG Fome Zero,
em um programa que avalia a
gestão da merenda em escolas."
O principal atrativo da carreira, segundo o recém-formado no IME, é poder aprender
outros assuntos, que variam
conforme o projeto com o qual
se está envolvido. Essa característica fez com que ele superasse os dois primeiros anos de
curso áridos na matemática e
prosseguisse na faculdade.
"Na carreira, aparecem diversas frentes de atuação e o estudante vai ter tantas opções
que pode até ficar em dúvida de
onde se encaixar. Minha preocupação foi conhecer várias
áreas e, por isso, acabei trabalhando em diversos setores."
Não há um perfil que identifique o estatístico, mas algumas
características facilitam. "O estudante que quer encarar a carreira tem de ser curioso, criativo. E não pode ter medo da matemática", resume o professor.
(SIMONE HARNIK)
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