São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006
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CARREIRA

Estatístico atua como "cartomante racional"

Profissional faz previsões com base em informações e observação

DA REPORTAGEM LOCAL

A disciplina do invisível. A arte de fazer afirmações sobre algo que ainda não aconteceu de maneira lógica e apropriada. Tal função colocaria o estatístico no patamar de um "cartomante racional".
É dessa maneira romântica e entusiasmada que o professor Carlos Alberto de Bragança Pereira, do IME (Instituto de Matemática e Estatística) da USP classifica a área do saber. "Podem dizer que estatística é um monte de números, mas isso é conseqüência."
Segundo o professor, até para escolher entre dois medicamentos a serem ministrados a um paciente o médico emprega estatística. Como? É simples: é impossível, de antemão, saber qual será efetivamente o efeito do remédio em um organismo. Por isso os conhecimentos sobre as conseqüências das drogas em outros pacientes são levados em conta. Daí, a melhor resposta observada ajuda a decidir qual o caminho.
"O estatístico tem um problema e vai buscar informações. Utiliza probabilidades, avalia as chances: isso é o método estatístico", explica Pereira. Assim, a estatística lida diretamente com a coleta de informações, a avaliação das alternativas para solucionar conflitos e com as conseqüências de uma decisão, sem que ela tenha sido tomada ainda.
A necessidade da estatística em diferentes campos do saber faz com que a atuação profissional seja ampla -na indústria, no marketing, na saúde ou ainda no setor público. Pereira mesmo tem trabalhos ligados à medicina, à economia e ao mercado financeiro. E, segundo o professor, boa parte dos alunos que se identificaram com o curso conseguiram emprego.
Fábio Fernando da Silva, 31, optou por trabalhar com consultorias. "Tenho trabalhos na Subprefeitura da Capela do Socorro, em São Paulo, para organizar dados e gerar o melhor modelo de gestão. Com o governo do Estado, estou em um projeto para avaliar laboratórios que testam HIV. E também trabalho com a ONG Fome Zero, em um programa que avalia a gestão da merenda em escolas."
O principal atrativo da carreira, segundo o recém-formado no IME, é poder aprender outros assuntos, que variam conforme o projeto com o qual se está envolvido. Essa característica fez com que ele superasse os dois primeiros anos de curso áridos na matemática e prosseguisse na faculdade.
"Na carreira, aparecem diversas frentes de atuação e o estudante vai ter tantas opções que pode até ficar em dúvida de onde se encaixar. Minha preocupação foi conhecer várias áreas e, por isso, acabei trabalhando em diversos setores."
Não há um perfil que identifique o estatístico, mas algumas características facilitam. "O estudante que quer encarar a carreira tem de ser curioso, criativo. E não pode ter medo da matemática", resume o professor.
(SIMONE HARNIK)


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