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DEU NA MÍDIA
Pré-sal, o Brasil entre os gigantes do petróleo
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Primeiro foi Tupi, depois
vieram Júpiter, Iara, Parati e
muitos outros. Esses são alguns dos blocos petrolíferos
descobertos na camada do
pré-sal. Se as estimativas divulgadas forem confirmadas,
nosso país passará a fazer
parte do seleto grupo de nações exportadoras de petróleo. O Brasil, que atualmente
possui reservas estimadas
em 12,2 bilhões de barris, alcançará, somente com o
campo de Tupi, o patamar de
20 bilhões, saltando da 15ª
para a 10ª posição.
É inegável que há entre as
autoridades do governo uma
grande euforia com a notícia,
e não é para menos, afinal, é
como se o país recebesse um
prêmio de loteria. Imagine
que a camada pré-sal é uma
faixa abaixo do leito do mar
numa profundidade que pode alcançar 7.000 metros, ao
longo de 800 km entre Santa
Catarina e Espírito Santo.
Trata-se, portanto de uma jazida gigante.
No entanto, será preciso
fazer grandes investimentos
para a produção no pré-sal.
"Para cada sistema produtivo (plataforma e equipamentos), serão necessários investimentos de US$ 7 bilhões",
segundo o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Calcula-se que só no campo de
Tupi, com um potencial de
até 8 bilhões de barris, seja
necessária a construção de
60 plataformas.
Só vale a pena arcar com
um custo dessa magnitude,
se considerarmos a evolução
do valor do petróleo. O pico
do preço ocorreu em julho de
2008, US$ 147 o barril, do
mesmo petróleo que no início dos anos 1970 era extraído a US$ 3. Passou para o patamar de US$ 35 com a Revolução Iraniana (1979-1980) e
disparou a partir de 2002,
alavancado pela fúria da demanda chinesa e pela nova
guerra norte-americana contra o Iraque.
Vencida a euforia inicial, o
debate concentra-se nos modelos de exploração e nas regras de divisão dos lucros.
Segundo a legislação vigente, a Lei do Petróleo de
1998, o modelo atual é o da
"concessão" em que o investidor participa de um leilão,
ganha o direito de explorar
um campo e, caso obtenha
sucesso, paga royalties e
mais um imposto "especial"
para os campos mais produtivos. O segundo é o de "partilha de produção" -nesse
modelo, o governo não recebe dinheiro, e o petróleo extraído é dividido entre a empresa exploradora e o Estado
brasileiro.
Segundo o Palácio do Planalto, as propostas são várias, mas é preciso ter calma.
Primeiro, é necessário reiterar que o pré-sal é patrimônio da nação e, em seguida,
"inventar" uma fórmula capaz de transformar esse "ouro negro" em investimento
para o futuro do Brasil.
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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