São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008
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DEU NA MÍDIA

Pré-sal, o Brasil entre os gigantes do petróleo

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Primeiro foi Tupi, depois vieram Júpiter, Iara, Parati e muitos outros. Esses são alguns dos blocos petrolíferos descobertos na camada do pré-sal. Se as estimativas divulgadas forem confirmadas, nosso país passará a fazer parte do seleto grupo de nações exportadoras de petróleo. O Brasil, que atualmente possui reservas estimadas em 12,2 bilhões de barris, alcançará, somente com o campo de Tupi, o patamar de 20 bilhões, saltando da 15ª para a 10ª posição.
É inegável que há entre as autoridades do governo uma grande euforia com a notícia, e não é para menos, afinal, é como se o país recebesse um prêmio de loteria. Imagine que a camada pré-sal é uma faixa abaixo do leito do mar numa profundidade que pode alcançar 7.000 metros, ao longo de 800 km entre Santa Catarina e Espírito Santo.
Trata-se, portanto de uma jazida gigante.
No entanto, será preciso fazer grandes investimentos para a produção no pré-sal.
"Para cada sistema produtivo (plataforma e equipamentos), serão necessários investimentos de US$ 7 bilhões", segundo o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Calcula-se que só no campo de Tupi, com um potencial de até 8 bilhões de barris, seja necessária a construção de 60 plataformas.
Só vale a pena arcar com um custo dessa magnitude, se considerarmos a evolução do valor do petróleo. O pico do preço ocorreu em julho de 2008, US$ 147 o barril, do mesmo petróleo que no início dos anos 1970 era extraído a US$ 3. Passou para o patamar de US$ 35 com a Revolução Iraniana (1979-1980) e disparou a partir de 2002, alavancado pela fúria da demanda chinesa e pela nova guerra norte-americana contra o Iraque.
Vencida a euforia inicial, o debate concentra-se nos modelos de exploração e nas regras de divisão dos lucros.
Segundo a legislação vigente, a Lei do Petróleo de 1998, o modelo atual é o da "concessão" em que o investidor participa de um leilão, ganha o direito de explorar um campo e, caso obtenha sucesso, paga royalties e mais um imposto "especial" para os campos mais produtivos. O segundo é o de "partilha de produção" -nesse modelo, o governo não recebe dinheiro, e o petróleo extraído é dividido entre a empresa exploradora e o Estado brasileiro.
Segundo o Palácio do Planalto, as propostas são várias, mas é preciso ter calma. Primeiro, é necessário reiterar que o pré-sal é patrimônio da nação e, em seguida, "inventar" uma fórmula capaz de transformar esse "ouro negro" em investimento para o futuro do Brasil.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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