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CARREIRA
Ação de pedagogo extrapola sala de aula
Escolha não se limita a ensinar a ler e a escrever; profissional pode atuar até em zoológicos
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO
Engana-se quem acha que lugar de pedagogo é só na sala de
aula. Atualmente, além de
atuar em escolas, o profissional
pode trabalhar em empresas de
recursos humanos, editoras e
até em museus e jardins zoológicos. Isso mesmo. Ele pode
chefiar a equipe de monitores
desses locais, montar a programação e ajudar a produzir as
explicações sobre cada item
-vivo ou morto- do local.
Contrariando a grande maioria que atua em escolas, a pedagoga Helena Quadros escolheu
trabalhar com ambiente.
Ainda na faculdade, na década de 80, ela começou a trabalhar no Museu Paraense Emílio
Goeldi, em Belém (Pará), onde
está até hoje, como coordenadora do núcleo de visitas.
Nas duas primeiras semanas
deste mês, ela recebeu 5.000
estudantes no local. Mostrou
para eles um pouco do acervo,
que, além de plantas, tem animais, como onça, jacaré e cobras. "Adoro saber que estou
ensinando as pessoas a preservar a natureza", diz ela.
De tempos em tempos, Helena é convidada para falar sobre
a importância da pedagogia fora da sala de aula em sua cidade.
"Ainda é a minoria que opta por
outras áreas, que são tão importantes quanto a educação
escolar", diz.
Nos colégios, a área em que o
pedagogo está mais presente é
como professor de educação infantil e do primeiro ao quarto
ano do ensino fundamental.
Ele pode também trabalhar como coordenador pedagógico ou
diretor da instituição.
Problemas
Segundo a pedagoga Silvia
Colello, que dá aula de pedagogia na Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo, a
profissão está desvalorizada.
"Antes, ser padre, prefeito ou
professor dava prestígio", diz
ela. "Hoje, as pessoas não respeitam mais tanto o professor."
Mas ela completa: "E é aí que
está o bacana. É o desafio de se
envolver em uma causa que vale a pena".
Silvia exemplifica a recompensa com casos de pedagogos
que trabalham em hospitais
com crianças que buscam a
aprendizagem como forma de
se agarrar à vida e outros que
ensinam adultos analfabetos a
ler. "O trabalho de educar traz
muito retorno."
Na maioria das faculdades, o
aluno é obrigado a cumprir cerca de 400 horas de estágio, que
pode ser não-remunerado se
feito em alguma escola pública,
ou pago, se for em empresas ou
escolas particulares.
Trabalho
O salário inicial de um pedagogo no ensino infantil é de
aproximadamente R$ 660, por
22 horas semanais.
Sobre o mercado de trabalho,
a afirmação freqüente entre pedagogos é que existe um paradoxo na profissão. "A qualidade
do ensino está muito precária
no Brasil. Se houvesse salas de
ensino infantil e fundamental
com até 20 alunos, a educação
seria melhor e haveria mais
empregos, pois aumentaria o
número de salas de aula", critica Selma Garrido Pimenta, pró-reitora da graduação da USP e
autora do trabalho "Pedagogia
e Pedagogos: Caminhos e Perspectivas".
Outra incongruência que ela
cita é o fato de algumas escolas
estarem cortando professores
com cursos de pós-graduação.
"Ter uma especialização traz
mais chances de trabalho, mas,
ao mesmo tempo, por também
trazer salários maiores, muitos
profissionais estão sendo cortados das escolas."
Para Noely Weffort de Almeida, que leciona história da
educação e estrutura e funcionamento da educação básica no
curso de pedagogia da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, uma saída para as dificuldades do mercado de trabalho é "perceber que o trabalho não está só na sala de aula".
"Ensinamento para idosos, por
exemplo, é uma área que está
crescendo bastante."
Um mito, segundo a pedagoga Silvia, é achar que ser pedagogo é ensinar as quatro operações matemáticas e a ler e a escrever. "Ser pedagogo é tão legítimo quanto ensinar um estudante de qualquer idade. O pedagogo dá a base que o aluno vai
usar por toda a vida."
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