São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 2006
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ATUALIDADES

A Bolívia de Morales

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eleito em dezembro, Evo Morales é o primeiro indígena a ocupar a Presidência da Bolívia. Representante dos aimarás, foi eleito no primeiro turno com 51% dos votos pelo partido MAS (Movimento ao Socialismo).
Com 9 milhões de habitantes, a Bolívia é um dos países mais pobres da América do Sul. Sua população, de maioria indígena, está dividida entre quéchuas (30%), aimarás (25%), mestiços e uma minoria descendente de imigrantes europeus.
Empresários temem que a ascensão de Morales resulte em medidas desfavoráveis aos investimentos estrangeiros no país. Morales, em campanha, prometeu nacionalizar o gás e o petróleo e promover a revisão dos contratos de exploração. Isso preocupa o Brasil, uma vez que a Petrobras, que passou a operar na Bolívia nos anos 90, é atualmente a maior empresa do país, com investimentos em torno de US$ 1,5 bilhão. Morales disse a Lula que quer a Petrobras como "a irmã mais velha" das empresas de energia bolivianas. "Necessitamos de sócios, e não de donos ou patrões", disse Morales.
Polêmica, a questão das plantações da folha de coca terá que ser enfrentada pelo novo presidente. Elemento essencial da cultura indígena boliviana e matéria-prima da cocaína, o cultivo da folha coloca o país na rota do narcotráfico internacional. O governo norte-americano está preocupado e pressiona La Paz a criar programas de redução das áreas de plantio. Morales, que em sua história política foi líder dos cocaleiros, afirma que "a luta contra o narcotráfico tem de ser eficaz, e não uma desculpa para que os EUA controlem nossos países e assentem neles bases militares".


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo. E-mail: rcandelori@uol.com.br


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