São Paulo, domingo, 01 de janeiro de 2006

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CRÍTICA

O que devemos assistir em 2006

BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O ano é novo, mas a TV bate na mesma tecla. Já virou tradição as emissoras de TV aberta só despertarem ali em torno do Carnaval, depois de encher o verão com muita praia, axé e pagode, enquanto a Globo leva a sério o início do ano, estreando uma minissérie histórica superproduzida -"JK"- e uma nova edição do "Big Brother Brasil".
2006, portanto, vai começar embalado por Juscelino como herói de um momento em que o Brasil se imaginou moderno, civilizado, chique; e pelo indiscreto charme de brasileiros e brasileiras contemporâneos se digladiando por R$ 1 milhão. Se "JK" é mais ou menos previsível em termos de conteúdo e forma -afinal, trata-se de roteiro de Maria Adelaide Amaral, com elenco simpático e investimento sério e pesado na reconstituição de época-, o sexto "BBB" nem tanto.
O esqueleto do programa deve mudar muito pouco -as novidades que vêm sendo anunciadas são irrelevantes-, mas é de se perguntar o que pode acontecer com o programa depois das singularidades observadas no ano passado.
Ou seja, o clima "honesto", "sincero", em que as disputas mais mesquinhas perderam espaço para um simulacro mais convincente de amizade e um namoro mais ou menos de verdade, será irreproduzível; mas, ao mesmo tempo, é improvável que o "salve-se quem puder" retorne.
A batalha das novelas deve continuar em 2006 -Record e SBT aproveitam os desacertos da Globo e investem em produções mais bem cuidadas. O SBT deve estrear um segundo horário de novelas em abril, bem como a Record, que estréia a nova faixa com nomes historicamente ligados à Globo, como Lauro César Muniz e Lucélia Santos.
A emissora de Edir Macedo está tão interessada em ficção que também vai fazer uma tentativa de série à moda das americanas com "Avassaladoras", anunciada como uma versão brasileira de "Sex and the City", já em janeiro. Das séries que a Globo testou no final de 2005 -"Levando a Vida", "Correndo Atrás", "Quem Vai Ficar com Mário?", "Toma Lá, Dá Cá"-, alguma deve emplacar para o pós-Copa, mas o que promete mesmo é a série "Brasilândia".
A exemplo de "Cidade dos Homens", a produção retoma personagens de um filme -"Antonia", de Tata Amaral, ainda inédito. A história gira em torno de um grupo de rap formado por quatro jovens mulheres da periferia paulistana -a rapper Negra Li será uma das protagonistas.
De resto, 2006 será um ano com uma Copa e uma eleição presidencial de potenciais dramáticos para além de qualquer esforço ficcional. A primeira é assombrada pelo sucesso, a outra é obscurecida pelo desencanto coletivo; mas ambas devem oferecer mais emoções do que mesmo o melhor roteirista do mundo poderia imaginar.

@ - biabramo.tv@uol.com.br


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