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CRÍTICA
O que devemos assistir em 2006
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O ano é novo, mas a TV bate
na mesma tecla. Já virou
tradição as emissoras de TV
aberta só despertarem ali em torno do Carnaval, depois de encher
o verão com muita praia, axé e
pagode, enquanto a Globo leva a
sério o início do ano, estreando
uma minissérie histórica superproduzida -"JK"- e uma nova
edição do "Big Brother Brasil".
2006, portanto, vai começar
embalado por Juscelino como
herói de um momento em que o
Brasil se imaginou moderno, civilizado, chique; e pelo indiscreto
charme de brasileiros e brasileiras contemporâneos se digladiando por R$ 1 milhão. Se "JK" é
mais ou menos previsível em termos de conteúdo e forma -afinal, trata-se de roteiro de Maria
Adelaide Amaral, com elenco
simpático e investimento sério e
pesado na reconstituição de época-, o sexto "BBB" nem tanto.
O esqueleto do programa deve
mudar muito pouco -as novidades que vêm sendo anunciadas são irrelevantes-, mas é de
se perguntar o que pode acontecer com o programa depois das
singularidades observadas no
ano passado.
Ou seja, o clima "honesto",
"sincero", em que as disputas
mais mesquinhas perderam espaço para um simulacro mais
convincente de amizade e um
namoro mais ou menos de verdade, será irreproduzível; mas,
ao mesmo tempo, é improvável
que o "salve-se quem puder" retorne.
A batalha das novelas deve
continuar em 2006 -Record e
SBT aproveitam os desacertos da
Globo e investem em produções
mais bem cuidadas. O SBT deve
estrear um segundo horário de
novelas em abril, bem como a
Record, que estréia a nova faixa
com nomes historicamente ligados à Globo, como Lauro César
Muniz e Lucélia Santos.
A emissora de Edir Macedo está tão interessada em ficção que
também vai fazer uma tentativa
de série à moda das americanas
com "Avassaladoras", anunciada
como uma versão brasileira de
"Sex and the City", já em janeiro.
Das séries que a Globo testou no
final de 2005 -"Levando a Vida", "Correndo Atrás", "Quem
Vai Ficar com Mário?", "Toma
Lá, Dá Cá"-, alguma deve emplacar para o pós-Copa, mas o
que promete mesmo é a série
"Brasilândia".
A exemplo de "Cidade dos Homens", a produção retoma personagens de um filme -"Antonia", de Tata Amaral, ainda inédito. A história gira em torno de
um grupo de rap formado por
quatro jovens mulheres da periferia paulistana -a rapper Negra Li será uma das protagonistas.
De resto, 2006 será um ano
com uma Copa e uma eleição
presidencial de potenciais dramáticos para além de qualquer
esforço ficcional. A primeira é assombrada pelo sucesso, a outra é
obscurecida pelo desencanto coletivo; mas ambas devem oferecer mais emoções do que mesmo
o melhor roteirista do mundo
poderia imaginar.
@ - biabramo.tv@uol.com.br
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