|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DANÇA
"Quimera" é uma das melhores criações de Kusuno
ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha
Depois de uma temporada de
dois dias em dezembro passado, o
espetáculo "Quimera - O Anjo
Vai Voando", de Takao Kusuno,
volta ao cartaz hoje, para apresentações às segundas e terças-feiras,
no teatro Sesc Anchieta.
Mais do que merecido, o retorno de "Quimera" proporciona a
chance de rever a melhor criação
de Kusuno dos últimos tempos (e
mesmo um dos melhores espetáculos de dança contemporânea
brasileira do ano passado).
Com formação em artes plásticas e cênicas, o japonês Kusuno
mudou-se para o Brasil em 1977.
Dos movimentos de vanguarda
japonesa, trouxe para a cena paulista o butô, cujos conceitos ajudou a disseminar entre uma geração de bailarinos e coreógrafos.
Entre os espetáculos que vêm
sendo encenados pela Cia. Tamanduá de Dança Teatro, fundada por Kusuno em 95, "Quimera"
representa uma bem-sucedida
síntese das propostas do artista.
No espetáculo, a dança prolonga-se no teatro, na música, na
plasticidade cênica, compondo
uma totalidade sem fronteiras
precisas e apoiada num ponto comum de equilíbrio.
Também no roteiro, Kusuno
não perde o controle ao tratar de
questões sobre a vida e a morte, a
partir das quais tece um delicado
poema, livre de niilismos e certamente inspirado na perda recente
e repentina de Felícia Ogawa, sua
mulher e parceira profissional.
Para completar, "Quimera"
conta ainda com o bom desempenho do elenco. Embora os rapazes
fiquem aquém das interpretações
femininas, o rendimento geral
não chega a ser afetado.
É notável, por exemplo, a qualidade de movimentos obtida de
um grupo de diferentes formações. Nova no elenco, Key Sawao
surpreende ao associar fundamentos do butô ao balé clássico,
que ela tem cultivado como técnica principal. O personagem em
sapatilhas de pontas comprova os
extensos recursos da bailarina.
Avaliação:
Espetáculo: Quimera: O Anjo Vai
Voando
Quando: seg. e ter., às 21h30; até 28/3
(exceto dias 6 e 7/3)
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila
Nova, 245; tel. 0/xx/11/234-3000)
Quanto: R$ 5 e R$ 10
Texto Anterior: Mindelis leva blues ao Bourbon Próximo Texto: Cinema: Almodóvar acumula mais sete prêmios Índice
|