São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2002

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CRÍTICA

Improviso salva gravação

DO ENVIADO AO RIO

Se exprimem a reação de Jorge Ben Jor ao que muito se diz sobre os acústicos da MTV, suas palavras irreverentes não deixam de identificar, por outro lado, seu conflito em aderir a uma fórmula duvidosa de retorno, após cinco anos sem gravar.
Ao final da gravação não há como não concordar que ele não está aposentado. O conceito de aposentadoria está, sim, impregnado ao termo "Acústico MTV". Uns envelhecem no formato (Titãs), outros falham em rejuvenescer em seu filtro (Gal Costa), há os que tentam renascer (Roberto Carlos), os que se decretam aposentados cedo demais (Cidade Negra), os que sucumbem ao assinar a papelada (Cássia Eller).
No primeiro dia de gravação, Ben Jor transmitiu a soma de todos os fatores que viverá a partir da assinatura final desse contrato, apresentando armas em "Jorge de Capadócia" (75) e promovendo uma curva de tempo de sua carreira.
Nos vocais de fundo estão os Golden Boys, a evocar a fase jovem guarda. A Admiral Jorge V promove a batucada samba-rock e ressuscita alguns lampejos de Ben. A Banda do Zé Pretinho sintetiza o encontro na curva de todos os tempos.
O show perde com a entrada da banda, porque é aí que o "Acústico MTV" de Ben Jor resvala no habitual. Os "medleys" são os mesmos de "Ao Vivo no Rio" (91).
O balde de água fria só não se comprova por causa do senso de improviso e do patrimônio musical do artista. O final de cada canção é um riacho de surpresas.
Embora não tão entrosado com a Admiral Jorge V, ele exacerba essas qualidades na primeira metade do show.
Por último é preciso lembrar: tudo acontece sob os acordes do violão (plugado, para desespero da MTV) de Jorge Ben, jovem que não morreu nem nunca morrerá, aposentado ou não.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


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