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CRÍTICA
Improviso salva gravação
DO ENVIADO AO RIO
Se exprimem a reação de Jorge Ben Jor ao que muito se diz
sobre os acústicos da MTV, suas
palavras irreverentes não deixam
de identificar, por outro lado, seu
conflito em aderir a uma fórmula
duvidosa de retorno, após cinco
anos sem gravar.
Ao final da gravação não há como não concordar que ele não está aposentado. O conceito de aposentadoria está, sim, impregnado
ao termo "Acústico MTV". Uns
envelhecem no formato (Titãs),
outros falham em rejuvenescer
em seu filtro (Gal Costa), há os
que tentam renascer (Roberto
Carlos), os que se decretam aposentados cedo demais (Cidade
Negra), os que sucumbem ao assinar a papelada (Cássia Eller).
No primeiro dia de gravação,
Ben Jor transmitiu a soma de todos os fatores que viverá a partir
da assinatura final desse contrato,
apresentando armas em "Jorge de
Capadócia" (75) e promovendo
uma curva de tempo de sua carreira.
Nos vocais de fundo estão os
Golden Boys, a evocar a fase jovem guarda. A Admiral Jorge V
promove a batucada samba-rock
e ressuscita alguns lampejos de
Ben. A Banda do Zé Pretinho sintetiza o encontro na curva de todos os tempos.
O show perde com a entrada da
banda, porque é aí que o "Acústico MTV" de Ben Jor resvala no
habitual. Os "medleys" são os
mesmos de "Ao Vivo no Rio"
(91).
O balde de água fria só não se
comprova por causa do senso de
improviso e do patrimônio musical do artista. O final de cada canção é um riacho de surpresas.
Embora não tão entrosado com
a Admiral Jorge V, ele exacerba
essas qualidades na primeira metade do show.
Por último é preciso lembrar:
tudo acontece sob os acordes do
violão (plugado, para desespero
da MTV) de Jorge Ben, jovem que
não morreu nem nunca morrerá,
aposentado ou não.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Avaliação:
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