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SHOW/CRÍTICA
A química dos Brothers ainda faz efeito
MARTA BARBOSA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM BARCELONA
O horário chegava até a ser
inconveniente. Não é comum invadir uma pista às 22h de
uma sexta-feira. Mas foi a essa hora que os Chemical Brothers tomaram os pick-ups para o lançamento mundial de seu quarto disco, "Come with Us".
Como as tendências eletrônicas
na Europa apontam no momento
para Barcelona, o lugar não podia
ser outro. A centenária casa La
Paloma, que fica no Raval -bairro mais underground da cidade-, se vestiu de gala. E, durante
inesquecíveis e barulhentas duas
horas, Tom Rowlands e Ed Simons receberam mil convidados.
Assim como no disco, a sessão
exclusiva começou pela faixa-título, "Come with Us", só que aqui
bem mais distorcida pelas interferências que só estão permitidas ao
vivo (e aos vivos). Os irmãos químicos abusaram do público. Toques de house, breakbeats acelerados e descargas trance circularam o ar abafado do antigo salão
de baile. Uma bela prévia antes da
turnê oficial que começa neste
mês com 21 shows marcados. Por
enquanto, só entre cidades de Japão, Austrália, Nova Zelândia e
Europa (ver quadro). O Brasil deve ficar para o segundo semestre.
Rowlands e Simons são hoje o
que mais se aproxima de uma estrela de rock no mundo eletrônico. Deixaram definitivamente o
underground europeu para tocar
no rádio. O que não significa que
as horas manipulando apenas vinis foram menos alucinantes que
outras experiências, como a vista
no Via Funchal, em 1999, ainda ao
som de "Surrender" (na certa o
CD que mais influencia esse novo
trabalho). Os Chemical Brothers
conseguiram, mais uma vez, nos
introduzir numa trepidante viagem nas sequências rítmicas.
O público se convenceu fácil.
Depois de "Denmark" (a batida
house que, de longe, foi a que
mais levantou a galera) e "Star
Guitar", ninguém mais parecia
estar nesse mundo. Nenhum exagero dizer que tudo funcionou
"olho no olho". Entre um sampler
e outro, a dupla trocou idéia com
o público, distribuiu autógrafos e
até cigarro para um mais desprevenido. E também se olhou e se
abraçou comemorando o efeito
das experiências musicais.
Qualquer um faria o mesmo
vendo lá de cima "It Began in
Afrika" tirar o povo do chão, como se fosse a primeira vez. A mistura de rastros de dub, vozes e
percussão étnicas resultou num
som vigoroso.
A noite terminou com "Hey
Boy, Hey Girl", sucesso do terceiro disco da dupla. Um pouco de
nostalgia não faz mal. Os dois
Brothers saíram sob uma rajada
de aplausos e gritos de delírio. A
química ainda faz efeito.
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