São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2002

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SHOW/CRÍTICA

A química dos Brothers ainda faz efeito

MARTA BARBOSA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM BARCELONA

O horário chegava até a ser inconveniente. Não é comum invadir uma pista às 22h de uma sexta-feira. Mas foi a essa hora que os Chemical Brothers tomaram os pick-ups para o lançamento mundial de seu quarto disco, "Come with Us".
Como as tendências eletrônicas na Europa apontam no momento para Barcelona, o lugar não podia ser outro. A centenária casa La Paloma, que fica no Raval -bairro mais underground da cidade-, se vestiu de gala. E, durante inesquecíveis e barulhentas duas horas, Tom Rowlands e Ed Simons receberam mil convidados.
Assim como no disco, a sessão exclusiva começou pela faixa-título, "Come with Us", só que aqui bem mais distorcida pelas interferências que só estão permitidas ao vivo (e aos vivos). Os irmãos químicos abusaram do público. Toques de house, breakbeats acelerados e descargas trance circularam o ar abafado do antigo salão de baile. Uma bela prévia antes da turnê oficial que começa neste mês com 21 shows marcados. Por enquanto, só entre cidades de Japão, Austrália, Nova Zelândia e Europa (ver quadro). O Brasil deve ficar para o segundo semestre.
Rowlands e Simons são hoje o que mais se aproxima de uma estrela de rock no mundo eletrônico. Deixaram definitivamente o underground europeu para tocar no rádio. O que não significa que as horas manipulando apenas vinis foram menos alucinantes que outras experiências, como a vista no Via Funchal, em 1999, ainda ao som de "Surrender" (na certa o CD que mais influencia esse novo trabalho). Os Chemical Brothers conseguiram, mais uma vez, nos introduzir numa trepidante viagem nas sequências rítmicas.
O público se convenceu fácil. Depois de "Denmark" (a batida house que, de longe, foi a que mais levantou a galera) e "Star Guitar", ninguém mais parecia estar nesse mundo. Nenhum exagero dizer que tudo funcionou "olho no olho". Entre um sampler e outro, a dupla trocou idéia com o público, distribuiu autógrafos e até cigarro para um mais desprevenido. E também se olhou e se abraçou comemorando o efeito das experiências musicais.
Qualquer um faria o mesmo vendo lá de cima "It Began in Afrika" tirar o povo do chão, como se fosse a primeira vez. A mistura de rastros de dub, vozes e percussão étnicas resultou num som vigoroso.
A noite terminou com "Hey Boy, Hey Girl", sucesso do terceiro disco da dupla. Um pouco de nostalgia não faz mal. Os dois Brothers saíram sob uma rajada de aplausos e gritos de delírio. A química ainda faz efeito.


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