São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"AVASSALADORAS"

Comédia retrata "sensação" da diretora

Cineasta filma temor da solidão

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é descortesia dizer que a cineasta Mara Mourão estreou no cinema com uma "neochanchada" ("Alô?!", 98). É dela o rótulo.
É dela também a avaliação de que, entre o seu primeiro e o segundo longa -"Avassaladoras", que chega hoje às telas de cem salas brasileiras-, há uma mudança de estilo. "Abaixei o tom", afirma a cineasta.
Mourão diz que procura adotar, em cada filme que realiza, uma linguagem cinematográfica condizente com o roteiro a ser desenvolvido. No caso de "Avassaladoras", buscou o "naturalismo" para contar uma história que lhe pertence.
"Queria falar de uma sensação que eu e várias amigas vivemos -o desespero que bate quando você chega a uma certa idade, está com medo de ficar sozinha e acha que a possibilidade de encontrar alguém é muito pequena."
Quem vive a desesperada protagonista (Laura, 34) é a atriz Giovanna Antonelli. Depois de ver um relacionamento de sete anos terminar em outro envolvimento (dele), Laura passa 12 meses tentando engatar um novo namoro, mas não alcança sequer uma hipótese, ainda que conviva, no ambiente de trabalho, com o mais garanhão entre os homens, um certo Thiago interpretado por Reynaldo Gianecchini.
A cineasta acha que a beleza de Antonelli não compromete a verossimilhança da história -"Conheço várias mulheres bonitas que são assim"- e defende espontaneamente a atuação de Gianecchini. "Ele teve mesmo que compor um personagem para parecer arrogante na tela e sem o olhar sincero e o sorriso delicioso que realmente tem."
A "moral da história" que se depreende de "Avassaladoras" -um bom casamento é o ideal de felicidade de toda mulher- é vista assim pela cineasta: "Feminismos à parte, a realidade é esta: as mulheres querem encontrar alguém. O filme passa a idéia de que não seja alguém a qualquer preço. No fundo, acho que é até muito a favor das conquistas das mulheres. A maior conquista que uma mulher pode ter é se transformar em avassaladora".
O roteiro do longa (de Mara Mourão, Tony Góes e Melanie Dimantas) foi premiado pelo programa de incentivo a filmes de baixo orçamento (até R$ 1 milhão) do Ministério da Cultura e é a aposta da Fox como o filme de verão brasileiro.
"Meu grande objetivo é levar para o cinema gente que não está acostumada a ver filme nacional, que ainda tem algum tipo de preconceito", diz a cineasta.


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