São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

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FILMES

TV PAGA


O retrato das primeiras influências de Glauber

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O Glauber de "O Pátio" (Canal Brasil, 21h30), o Glauber de seu primeiro exercício estético -11 minutos decisivos assinados em conjunto com Luís Paulino dos Santos-, poderá surpreender a quem o conhece a partir de "Barravento" e, sobretudo, de "Deus e o Diabo na Terra do Sol".
Não surpreenderá a quem se lembra de um Glauber que tinha Walter Hugo Khouri na conta de melhor cineasta brasileiro e a quem submeteu seus primeiros trabalhos. Khouri aprovou plenamente, diga-se -e não existe surpresa nenhuma nisso. Khouri sabia muito bem reconhecer um talento. E o talento que Glauber manifesta neste trabalho filmado quando tinha 18 anos é da ordem da evidência.
No entanto, o Glauber que ficou conhecido como chefe de fila do cinema novo não é, decididamente, o mesmo que se mostra aqui. "O Pátio" já afirma, logo nos letreiros, o uso de música concreta. Há quem sustente ser influenciado pela poesia concreta -o que é bastante possível.
As influências visíveis são, no entanto, de outra ordem. O que o filme apresenta é um casal que ora se toca, ora se afasta, às vezes aparece deitado, outras vezes de pé. Eles estão dispostos em um pátio cujo chão é formado por azulejos pretos e brancos, o que parece orientar uma ficção que se apóia em séries de oposições: claro e escuro, terra e água, sólido e líqüido, natureza e cultura. Masculino e feminino, naturalmente.
Glauber antecipa, no mais, o uso de uma música atonal, que o próprio Khouri utilizaria mais tarde. Em "O Pátio", ainda não se percebem certas influências que seriam decisivas para Glauber (Eisenstein, neo-realismo). Mas já estão presentes Buñuel (pelo movimento de liberação sugerido) e, em certos planos, Visconti.
Mas é a idéia de "avant garde" que primeiro nos vem à mente ao ver o filme, sobretudo devido às experiências rítmicas. E nos lembramos bem mais de Mário Peixoto, cujo "Limite" Glauber tanto criticou sem ter visto, do que de Humberto Mauro, que assumiria como "pai".
Seria "O Pátio" um Glauber ainda burguês? Pode ser. É, com certeza, um jovem Glauber já barroco, já refinado, talentosíssimo e elitista que se manifesta em sua notável estréia.

TV ABERTA

Lewis dirige e atua em "O Professor Aloprado"

Skateboard Kid 2
Record, 14h.
(Skateboard Kid 2). EUA, 1994, 104 min. Direção: Andrew Stevens. Com Treton Knight. Depois de perder o pai, garoto opta pelo skate e encontra na turma de skatistas conforto para suas provações.

O Vôo do Navegador
Globo, 15h50.
(Flight of the Navigator). EUA, 1986, 89 min. Direção: Randal Kleiser. Com Joey Cramer. Garoto desaparece sem deixar pistas. Ressurge oito anos depois, crendo que apenas alguns minutos se passaram. A Nasa investigará o caso com cuidado.

Atraídas pelo Perigo
SBT, 23h.
(Sugar & Spice). EUA, 2001. Direção: Francine Mcdougall. Com Marley Shelton. Grupo de amigas e líderes de torcida resolve praticar assalto a banco quando a líder delas se vê grávida do bonitão do time de futebol e desamparada pelos pais.

Intercine
Globo, 2h25.
As opções para o público são: "Controle da Mente" (2002, de Nelson McCormick, com Adam Baldwin) e "Texas Rangers - Acima da Lei" (2001, de Steve Miner, com James Van Der Beek).

O Projeto Jennie
SBT, 2h45.
(The Jennie Project). EUA, 2001, 90 min. Direção: Gary Nadeua. Com Alex D. Linz. Cientista traz da África um chimpanzé de espécie ameaçada de extinção. A família a princípio torce o nariz. Depois, Jennie, a macaca, se mostrará irresistível.

O Professor Aloprado
SBT, 4h15.
(The Nutty Professor). EUA, 1963, 106 min. Direção: Jerry Lewis. Com Jerry Lewis. "O Médico e o Monstro", de R.L. Stevenson, em versão comédia, com Jerry no papel do professor feio e aloprado que, graças a uma fórmula que cria, transforma-se num galã. Irreverente, cheia de recursos notáveis, direção genial, enfim, estamos diante de uma obra-prima. Exibição para a Grande SP. (PAULO SANTOS LIMA)

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