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FILMES
TV PAGA
O retrato das primeiras influências de Glauber
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O Glauber de "O Pátio" (Canal
Brasil, 21h30), o Glauber de seu
primeiro exercício estético -11
minutos decisivos assinados em
conjunto com Luís Paulino dos
Santos-, poderá surpreender a
quem o conhece a partir de "Barravento" e, sobretudo, de "Deus e
o Diabo na Terra do Sol".
Não surpreenderá a quem se
lembra de um Glauber que tinha
Walter Hugo Khouri na conta de
melhor cineasta brasileiro e a
quem submeteu seus primeiros
trabalhos. Khouri aprovou plenamente, diga-se -e não existe surpresa nenhuma nisso. Khouri sabia muito bem reconhecer um talento. E o talento que Glauber manifesta neste trabalho filmado
quando tinha 18 anos é da ordem
da evidência.
No entanto, o Glauber que ficou
conhecido como chefe de fila do
cinema novo não é, decididamente, o mesmo que se mostra aqui.
"O Pátio" já afirma, logo nos letreiros, o uso de música concreta.
Há quem sustente ser influenciado pela poesia concreta -o que é
bastante possível.
As influências visíveis são, no
entanto, de outra ordem. O que o
filme apresenta é um casal que ora
se toca, ora se afasta, às vezes aparece deitado, outras vezes de pé.
Eles estão dispostos em um pátio
cujo chão é formado por azulejos
pretos e brancos, o que parece
orientar uma ficção que se apóia
em séries de oposições: claro e escuro, terra e água, sólido e líqüido,
natureza e cultura. Masculino e
feminino, naturalmente.
Glauber antecipa, no mais, o
uso de uma música atonal, que o
próprio Khouri utilizaria mais
tarde. Em "O Pátio", ainda não se
percebem certas influências que
seriam decisivas para Glauber
(Eisenstein, neo-realismo). Mas já
estão presentes Buñuel (pelo movimento de liberação sugerido) e,
em certos planos, Visconti.
Mas é a idéia de "avant garde"
que primeiro nos vem à mente ao
ver o filme, sobretudo devido às
experiências rítmicas. E nos lembramos bem mais de Mário Peixoto, cujo "Limite" Glauber tanto
criticou sem ter visto, do que de
Humberto Mauro, que assumiria
como "pai".
Seria "O Pátio" um Glauber ainda burguês? Pode ser. É, com certeza, um jovem Glauber já barroco, já refinado, talentosíssimo e
elitista que se manifesta em sua
notável estréia.
TV ABERTA
Lewis dirige e atua em "O Professor Aloprado"
Skateboard Kid 2
Record, 14h.
(Skateboard Kid 2). EUA, 1994, 104 min.
Direção: Andrew Stevens. Com Treton
Knight. Depois de perder o pai, garoto
opta pelo skate e encontra na turma de
skatistas conforto para suas provações.
O Vôo do Navegador
Globo, 15h50.
(Flight of the Navigator). EUA, 1986, 89
min. Direção: Randal Kleiser. Com Joey
Cramer. Garoto desaparece sem deixar
pistas. Ressurge oito anos depois, crendo
que apenas alguns minutos se passaram.
A Nasa investigará o caso com cuidado.
Atraídas pelo Perigo
SBT, 23h.
(Sugar & Spice). EUA, 2001. Direção:
Francine Mcdougall. Com Marley
Shelton. Grupo de amigas e líderes de
torcida resolve praticar assalto a banco
quando a líder delas se vê grávida do
bonitão do time de futebol e
desamparada pelos pais.
Intercine
Globo, 2h25.
As opções para o público são: "Controle
da Mente" (2002, de Nelson McCormick,
com Adam Baldwin) e "Texas Rangers
- Acima da Lei" (2001, de Steve Miner,
com James Van Der Beek).
O Projeto Jennie
SBT, 2h45.
(The Jennie Project). EUA, 2001, 90 min.
Direção: Gary Nadeua. Com Alex D. Linz.
Cientista traz da África um chimpanzé de
espécie ameaçada de extinção. A família
a princípio torce o nariz. Depois, Jennie, a
macaca, se mostrará irresistível.
O Professor Aloprado
SBT, 4h15.
(The Nutty Professor). EUA, 1963, 106
min. Direção: Jerry Lewis. Com Jerry
Lewis. "O Médico e o Monstro", de R.L.
Stevenson, em versão comédia, com
Jerry no papel do professor feio e
aloprado que, graças a uma fórmula que
cria, transforma-se num galã.
Irreverente, cheia de recursos notáveis,
direção genial, enfim, estamos diante de
uma obra-prima. Exibição para a Grande
SP.
(PAULO SANTOS LIMA)
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