São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

"A Viúva Virgem" toca em obsessões brasileiras

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há um quê de "Macunaíma", que Joaquim Pedro havia filmado um pouco antes, em "A Viúva Virgem" (Canal Brasil, 0h30, classificação não informada), pelo menos a figura do coronel -o marido da virgem- leva a pensar nisso.
Há também porque lembrar de "Dona Flor", não o filme, que ainda não existia, mas o livro de Jorge Amado. Em todo caso existe ali a viúva, Adriana Prieto, o marido cafajeste que morre antes da noite de núpcias, e o enamorado que terá de ir a sessão espírita falar com o espírito do coronel, na tentativa de reaver a virilidade, para que possa transar com a viúva.
Há um quê de brincadeira nessa história toda, que inaugurou a chamada "pornochanchada". Mas muitas de nossas obsessões estão ali: a impotência, no homem, a virgindade, na mulher, a crença no poder dos espíritos, mesmo a grosseria.
Pedro Carlos Rovai fez um filme que, para o bem e o mal, nos representa. Daí seu enorme sucesso. Daí, talvez, o silêncio em torno dele.


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