|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FOLIA BAIANA
Cerimônia do adeus
O posto de primeira-dama
do Carnaval da Bahia vai ficar vago no ano que vem.
Flora Gil, mulher do ministro da Cultura, Gilberto Gil,
decidiu que não vai produzir,
em 2004, o que ficou conhecido como "o camarote do
Gil", o mais prestigiado de
Salvador. Por ele já passaram
reis e rainhas de verdade-
como a Silvia, da Suécia-,
empresários, artistas, jogadores de futebol e políticos.
Anteontem, por exemplo,
estavam lá Fernanda Torres e
Andrucha Waddington (que
vai coordenar o som de 20
DJs do camarote), Caetano
Veloso com Julie Taymor,
Jorge Mautner e Jack Lang,
ex-ministro da Cultura da
França. Além, é claro, de Gil.
Flora conta que o marido está tão feliz por ser ministro
que, quando acorda e veste o
terno para trabalhar, parece
uma criança se arrumando
para ir à escola.
Flora tem orgulho de mostrar a superprodução do camarote -que acabou virando também um excelente negócio, já que, atraídos pelas
personalidades (este ano, por
exemplo, são esperados também ministros do PT), dezenas de anunciantes pagam
para exibir suas marcas. Este
ano, MasterCard e Oi compraram as principais cotas,
num total de R$ 1 milhão.
Ao mesmo tempo em que
explica a decisão de parar,
Flora mostra à coluna o salão
de beleza montado no camarote pela Natura -que colocou também jatos de água
com essência de erva doce
para jogar sobre os convidados-, e o lugar onde a Perdigão vai montar o seu bufê
de frios. Vai ser 1,5 tonelada
para 5 mil convidados. A
Skol doou os freezers -e
Flora encomendou 1.500 caixas de cerveja para os cinco
dias. A Climatize instalou ar-condicionado até nos banheiros, e a AOL, computadores para os convidados navegarem na internet. A Fiat
se responsabiliza pelo translado dos vips.
"Nada me impede de continuar fazendo o camarote",
diz Flora, referindo-se à nova
função do marido, cujo ministério cuida de incentivos
fiscais. "Não tem esse negócio de Gil, de marido ministro. O camarote não é feito
com incentivos. Resolvi parar por outros motivos. O
principal deles é que quero
curtir o Carnaval sem ter que
me responsabilizar pela segurança e pelo conforto de
5.000 convidados". O trio
elétrico de Gil, esse sim, feito
com incentivos, vai parar de
circular, por razões óbvias.
O casal consultou a comissão de ética do governo para
manter o camarote este ano
-as regras são tão rígidas
que ministros não podem
circular em camarotes patrocinados por empresas privadas. No caso dos Gil, houve
sinal verde. A comissão considerou que, como os patrocínios foram fechados em
2002, não haveria conflito.
Gil, como marido, poderá
circular à vontade no camarote da mulher.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Rodapé: O campeonato da perversidade Índice
|