UOL


São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FOLIA BAIANA

Cerimônia do adeus

O posto de primeira-dama do Carnaval da Bahia vai ficar vago no ano que vem. Flora Gil, mulher do ministro da Cultura, Gilberto Gil, decidiu que não vai produzir, em 2004, o que ficou conhecido como "o camarote do Gil", o mais prestigiado de Salvador. Por ele já passaram reis e rainhas de verdade- como a Silvia, da Suécia-, empresários, artistas, jogadores de futebol e políticos.
 
Anteontem, por exemplo, estavam lá Fernanda Torres e Andrucha Waddington (que vai coordenar o som de 20 DJs do camarote), Caetano Veloso com Julie Taymor, Jorge Mautner e Jack Lang, ex-ministro da Cultura da França. Além, é claro, de Gil. Flora conta que o marido está tão feliz por ser ministro que, quando acorda e veste o terno para trabalhar, parece uma criança se arrumando para ir à escola.
 
Flora tem orgulho de mostrar a superprodução do camarote -que acabou virando também um excelente negócio, já que, atraídos pelas personalidades (este ano, por exemplo, são esperados também ministros do PT), dezenas de anunciantes pagam para exibir suas marcas. Este ano, MasterCard e Oi compraram as principais cotas, num total de R$ 1 milhão.
 
Ao mesmo tempo em que explica a decisão de parar, Flora mostra à coluna o salão de beleza montado no camarote pela Natura -que colocou também jatos de água com essência de erva doce para jogar sobre os convidados-, e o lugar onde a Perdigão vai montar o seu bufê de frios. Vai ser 1,5 tonelada para 5 mil convidados. A Skol doou os freezers -e Flora encomendou 1.500 caixas de cerveja para os cinco dias. A Climatize instalou ar-condicionado até nos banheiros, e a AOL, computadores para os convidados navegarem na internet. A Fiat se responsabiliza pelo translado dos vips.
 
"Nada me impede de continuar fazendo o camarote", diz Flora, referindo-se à nova função do marido, cujo ministério cuida de incentivos fiscais. "Não tem esse negócio de Gil, de marido ministro. O camarote não é feito com incentivos. Resolvi parar por outros motivos. O principal deles é que quero curtir o Carnaval sem ter que me responsabilizar pela segurança e pelo conforto de 5.000 convidados". O trio elétrico de Gil, esse sim, feito com incentivos, vai parar de circular, por razões óbvias.
 
O casal consultou a comissão de ética do governo para manter o camarote este ano -as regras são tão rígidas que ministros não podem circular em camarotes patrocinados por empresas privadas. No caso dos Gil, houve sinal verde. A comissão considerou que, como os patrocínios foram fechados em 2002, não haveria conflito. Gil, como marido, poderá circular à vontade no camarote da mulher.


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Rodapé: O campeonato da perversidade
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.