São Paulo, segunda, 1 de março de 1999

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RELÂMPAGOS
Cristovão

JOÃO GILBERTO NOLL
Caminhava eu pela avenida Cristóvão Colombo, em Porto Alegre, quando me deu vontade de assobiar, coisa que não fazia direito, ao contrário de cantar. Pois veio o desejo de assobiar, talvez como um marujo na folga de suas operações no Guaíba. O tímido sopro disfarçava a palpitação afogueada desse praça sem trégua e sem batalha. Vou pela Cristóvão feito o colegial que fui na mesma rua. Olha a velha palavra no poste!, talhada a canivete. Ainda vive! E agora estou aqui, diferente de mim, submisso à criança que me puxa pela mão. Mas o sol de março ainda é o mesmo. Toco um pouco na palavra em brasa.



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