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RELÂMPAGOS
Cristovão
JOÃO GILBERTO NOLL
Caminhava eu pela avenida Cristóvão Colombo, em
Porto Alegre, quando me
deu vontade de assobiar,
coisa que não fazia direito,
ao contrário de cantar. Pois
veio o desejo de assobiar,
talvez como um marujo na
folga de suas operações no
Guaíba. O tímido sopro disfarçava a palpitação afogueada desse praça sem trégua e sem batalha. Vou pela
Cristóvão feito o colegial
que fui na mesma rua. Olha
a velha palavra no poste!, talhada a canivete. Ainda vive!
E agora estou aqui, diferente de mim, submisso à
criança que me puxa pela
mão. Mas o sol de março
ainda é o mesmo. Toco um
pouco na palavra em brasa.
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