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Mostra revela Marrocos e suas influências artísticas
Com cerca de 500 obras, exposição é a mais vasta sobre o país realizada no Brasil
Entre as peças da mostra em cartaz na Faap, em SP, estão vasos, lápides e telas de Delacroix e Fromentin, vindas de museu no Qatar
DA REPORTAGEM LOCAL
País da chamada África branca, separado da Europa apenas
por um estreito, o Marrocos
tem vocação para a mistura.
A influência grega, romana e
andaluz na arte, na indústria
têxtil, na arquitetura e nos costumes são tema da maior exposição sobre o país já realizada
no Brasil, que é aberta ao público hoje no Museu de Arte Brasileira da Faap.
Depois de dedicar mostras à
China, ao Egito e aos deuses
gregos, o museu recebe 500
obras, entre peças de cerâmica,
roupas, fotografias, telas, objetos domésticos e armas que cobrem o período de 6000 a.C. até
os dias de hoje.
"O Marrocos ocupou Portugal e Espanha por nove séculos.
Como os brasileiros, temos
muitas misturas", diz Abdellah
Salih, diretor nacional do patrimônio cultural do Marrocos,
que traz a exposição ao país numa parceria com o governo federal brasileiro.
As tais misturas ficam evidentes logo de início, com as
peças mais antigas em exibição:
lápides com inscrições no alfabeto berbere, que datam de
6000 a.C., vasos também do período neolítico e exemplares de
arte rupestre. Ao lado disso tudo, a cabeça de um jovem marroquino, fragmento de uma escultura maior, feita em estilo
helênico, que data de 200 a.C.
-impossível não confundir o
traço delicado esculpido no
mármore com a estatuária clássica da Grécia.
A influência grega se espalha
também para o núcleo arquitetônico da mostra, que reúne
portas, janelas, fragmentos de
paredes cobertos de azulejos e
capitéis e colunas de mármore,
iguais às que existiram na Grécia antiga, com a exceção de que
levam inscrições do Alcorão.
No mesmo espaço, há moedas de diversos períodos da história marroquina, além de dois
astrolábios, usados para a navegação, previsões astrológicas e
até a determinação da posição
dos muçulmanos ao rezar.
Exemplares da cerâmica urbana e de regiões rurais também dão indícios da rotina doméstica dos marroquinos ao
longo da história. Enquanto
nas cidades só os homens faziam vasos, bacias e recipientes
coloridos, as mulheres cuidavam da produção rural, com peças mais rústicas e utilitárias.
"Isso que está aqui não poderia surgir em nenhum outro lugar do mundo", diz Salih. "Os
mesmos motivos que estão nas
lápides estão na cerâmica, nas
roupas e nos tapetes. São também os mesmos pigmentos vegetais. Gostamos muito das cores, do verde, do vermelho."
Além dos objetos trazidos do
Marrocos, a mostra reúne quadros de artistas europeus que
estiveram nos países do Magreb, como Argélia e Tunísia.
Entre as mais conhecidas das
12 telas, estão "Dois Marroquinos Sentados no Campo", de
Delacroix, e "Oásis em Lagrount", de Eugène Fromentin,
todas trazidas do Orientalist
Museum, do Qatar.
(SILAS MARTÍ)
MARROCOS
Quando: de ter. a sex., das 10h às
20h; sáb. e dom., das 10h às 17h; até
22/6
Onde: Museu de Arte Brasileira da
Faap (r. Alagoas, 903; tel. 0/xx/11/
3662-7198)
Quanto: entrada franca
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