São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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Mostra revela Marrocos e suas influências artísticas

Com cerca de 500 obras, exposição é a mais vasta sobre o país realizada no Brasil

Entre as peças da mostra em cartaz na Faap, em SP, estão vasos, lápides e telas de Delacroix e Fromentin, vindas de museu no Qatar

DA REPORTAGEM LOCAL

País da chamada África branca, separado da Europa apenas por um estreito, o Marrocos tem vocação para a mistura.
A influência grega, romana e andaluz na arte, na indústria têxtil, na arquitetura e nos costumes são tema da maior exposição sobre o país já realizada no Brasil, que é aberta ao público hoje no Museu de Arte Brasileira da Faap.
Depois de dedicar mostras à China, ao Egito e aos deuses gregos, o museu recebe 500 obras, entre peças de cerâmica, roupas, fotografias, telas, objetos domésticos e armas que cobrem o período de 6000 a.C. até os dias de hoje.
"O Marrocos ocupou Portugal e Espanha por nove séculos. Como os brasileiros, temos muitas misturas", diz Abdellah Salih, diretor nacional do patrimônio cultural do Marrocos, que traz a exposição ao país numa parceria com o governo federal brasileiro.
As tais misturas ficam evidentes logo de início, com as peças mais antigas em exibição: lápides com inscrições no alfabeto berbere, que datam de 6000 a.C., vasos também do período neolítico e exemplares de arte rupestre. Ao lado disso tudo, a cabeça de um jovem marroquino, fragmento de uma escultura maior, feita em estilo helênico, que data de 200 a.C.
-impossível não confundir o traço delicado esculpido no mármore com a estatuária clássica da Grécia.
A influência grega se espalha também para o núcleo arquitetônico da mostra, que reúne portas, janelas, fragmentos de paredes cobertos de azulejos e capitéis e colunas de mármore, iguais às que existiram na Grécia antiga, com a exceção de que levam inscrições do Alcorão.
No mesmo espaço, há moedas de diversos períodos da história marroquina, além de dois astrolábios, usados para a navegação, previsões astrológicas e até a determinação da posição dos muçulmanos ao rezar.
Exemplares da cerâmica urbana e de regiões rurais também dão indícios da rotina doméstica dos marroquinos ao longo da história. Enquanto nas cidades só os homens faziam vasos, bacias e recipientes coloridos, as mulheres cuidavam da produção rural, com peças mais rústicas e utilitárias.
"Isso que está aqui não poderia surgir em nenhum outro lugar do mundo", diz Salih. "Os mesmos motivos que estão nas lápides estão na cerâmica, nas roupas e nos tapetes. São também os mesmos pigmentos vegetais. Gostamos muito das cores, do verde, do vermelho."
Além dos objetos trazidos do Marrocos, a mostra reúne quadros de artistas europeus que estiveram nos países do Magreb, como Argélia e Tunísia. Entre as mais conhecidas das 12 telas, estão "Dois Marroquinos Sentados no Campo", de Delacroix, e "Oásis em Lagrount", de Eugène Fromentin, todas trazidas do Orientalist Museum, do Qatar. (SILAS MARTÍ)

MARROCOS
Quando:
de ter. a sex., das 10h às 20h; sáb. e dom., das 10h às 17h; até 22/6
Onde: Museu de Arte Brasileira da Faap (r. Alagoas, 903; tel. 0/xx/11/ 3662-7198)
Quanto: entrada franca


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