São Paulo, quarta, 1 de abril de 1998

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Abril pro Rock quer fugir do institucional

Divulgação
Pedro Luís e a Parede, uma das novas bandas que estarão no evento


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

A sexta edição do Abril pro Rock, que acontece de sexta a domingo na divisa entre Olinda e Recife (PE), apanha o festival em momento de transição. De braços ainda abertos para a cena independente, o evento luta contra sinais de institucionalização, típicos de quem já tem história-no caso, a primazia de ter lançado ao país o mangue beat.
Traz, por exemplo, Skank e Fernanda Abreu para chamar público e fechar as noites de sexta e domingo. E traz uma banda estritamente comercial -fora dos padrões do festival, portanto-, Baba Cósmica, que reza na cartilha dos Mamonas Assassinas.
"A condição para que incluíssemos essa banda foi que sua vinda tivesse custo zero para nós", diz o produtor recifense Paulo André, 30, responsável pelo evento.
Paulo André admite que algumas das bandas presentes chegam a Recife com auxílio de suas gravadoras -Funk Fuckers (BMG), Ratos de Porão (Paradoxx), Squaws (PolyGram), Luciana Pestano e Júpiter Maçã (Antídoto).
"Nosso principal patrocinador é o governo de Pernambuco, que arca com cerca de 20% dos custos", diz. "Não há comprometimento com gravadoras, queremos mostrar o pop independente do Nordeste e artistas novos".
Ele ressalta que nomes como Pedro Luís e A Parede, Júpiter Maçã e Luciana Pestano são ilustres desconhecidos em Pernambuco. "É um risco que queremos correr. Se eles estourarem amanhã, terão passado primeiro por aqui."
Isso também aumenta o risco de institucionalização: festival e artistas já contratados tornam-se instrumentos para que as multinacionais conquistem novos mercados.
Vários nomes das grandes gravadoras vão, segundo Paulo André, por conta própria. É o caso de Pedro Luís e A Parede e O Rappa (WEA), Lenine (BMG), Skank (Sony), Fernanda Abreu (EMI).
Majors à parte, o ambiente independente ainda predomina. Cerca de dois terços das 30 bandas que passarão pelo palco do Centro de Convenções de Pernambuco ou nem têm gravadora ou pertencem a selos minúsculos.



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