|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
"Franchise" suplanta questão da intolerância
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
De todas as criaturas da Marvel que chegaram ao cinema
nos últimos anos, os X-Men são,
disparado, as mais interessantes.
Eles de fato apresentam uma evolução do super-herói como figura
mitológica: na condição de humanos portadores de mutações genéticas, são marcados pela diferença; seus poderes, muito longe
de serem apenas vantajosos, são
motivo de dor e desajuste; e muito
antes de se portarem como justiceiros, os X-Men são marginais,
vítimas de intolerância e medo.
A premissa deste "X-Men 2"
ainda é bem mais interessante
que a do primeiro filme da série,
mera apresentação dos personagens. Um atentado contra o presidente dos EUA dispara uma onda
antimutante, além de fazer com
que o governo estude a implantação de uma lei de registro dos portadores de mutações. Uma situação que força os inimigos Xavier e
Magneto a se unirem para resistir
à perseguição.
É pena, no entanto, que essa
premissa não se cumpra por inteiro. Muitas vezes o diretor Bryan
Singer parece ter medo de levar a
fundo a idéia. Pior, envenena sua
história ao cumprir à risca os
muitos compromissos de uma superprodução, oferecendo novos
personagens e criando efeitos especiais mais espetaculares. A
obrigação de um "franchise" cria
problemas demais a serem resolvidos e empurra "X-Men 2" para
vários desfechos.
Ainda assim, o filme é uma diversão de categoria, bem menos
burocrática, por exemplo, que
"Homem-Aranha". Há, pelo menos, uma galeria mais variada e
simpática de personagens, que
vão do machão Wolverine à sensível paranormal Jean Grey.
X-Men 2
Idem
Produção: EUA, 2003
Direção: Bryan Singer
Com: Patrick Stewart, Hugh Jackman
Quando: a partir de hoje nos cines Belas
Artes, Continental e circuito
Texto Anterior: A guerra dos mundos Próximo Texto: Profº Charles Xavier Índice
|