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CINEMA/ESTRÉIA
"CONFISSÕES..."
Ator estréia na direção contando a vida dupla do produtor e suposto assassino de aluguel da CIA Chuck Barris
Longa mostra mudança da TV, diz Clooney
TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
George Clooney é um dos homens mais interessantes do cinema. Aos 41 anos, eleito várias vezes "o mais sexy", é um dos mais
consistentes atores e produtores
da indústria norte-americana. No
ano passado, acrescentou mais
um título: diretor, com "Confissões de uma Mente Perigosa", que
estréia hoje no Brasil.
A cinebiografia mezzo-fantasiosa, mezzo-verdadeira do produtor de TV Chuck Barris, que se diz
também ex-assassino de aluguel
da CIA, foi um dos bons filmes
dos EUA em 2002, muito por culpa do personagem real, muito por
conta do elenco. De costumeiro
bom humor, ele concedeu entrevista à Folha, em Nova York.
"Sinto um prazer quase pornográfico quando sou elogiado."
Folha - Qual era sua maior preocupação com a história?
George Clooney - Queria mostrar, entre outras coisas, como a
TV foi mudando durante o tempo
em que a história acontece. No começo mostramos a ingenuidade
dos anos 50 e conforme a história
vai se tornando mais pesada, isso
se reflete também na televisão.
Folha - Chuck Barris é o maior
mentiroso ou o maior agente secreto de todos os tempos?
Clooney - Obviamente nunca
perguntei isso a ele, porque não
me interessava saber a verdade e
achei que não podia, senão acabaria influenciando o filme. Precisava poder aceitar que, se a história
fosse verdadeira, era uma coisa
fantástica, mas, se não fosse, era
igualmente fenomenal que um
cara bem-sucedido como Chuck
Barris escrevesse essa história. Se
fosse uma pessoa que nunca tivesse conseguido nada na vida, faria
sentido, mas por que ele?
Folha - Por que decidiu dirigir?
Clooney - Eu já estava ligado a
esse projeto como ator, e era um
filme de que todos os atores e atrizes mais bem pagos e premiados
de Hollywood queriam fazer parte. E, ainda assim, não ia ser produzido. O filme tinha US$ 40 milhões e não ia ser feito. Aí eu pensei: eu entendo esse filme, entendo de "game shows", meu pai tinha um "game show" na TV durante a minha adolescência, entendo alguns dos problemas que a
fama traz. E sabia que se dissesse
que dirigiria cobrando o mínimo,
poderia atrair outros atores que
aceitariam ganhar muito pouco.
Folha - Pegou gosto pela direção,
vai virar diretor de verdade?
Clooney - Gostei bastante, é divertido. Mas acho que você tem
de fazer as coisas porque tem um
motivo para fazê-las. Fiz esse filme porque eu entendia a história
e porque de outra forma ele não
seria feito. Tem um outro projeto
que eu estou paquerando, tentando entender completamente, uma
comédia, e, se eu descobrir como
fazer, posso querer dirigir.
Folha - Você é mesmo assim, simpático, sorridente e gentil, ou está
tentando manipular o que o seu
público no Brasil vai pensar sobre
você quando ler estar entrevista?
Clooney - [Risos" Na verdade,
bato nas minhas namoradas e tenho meia dúzia de filhos para
quem não pago um centavo de
pensão por aí (mais risos). Só tive
sorte. E minha sorte foi a de demorar 15 anos trabalhando até ficar conhecido. É uma grande vantagem poder observar o mundo
em que pretende entrar antes de
entrar. Acho que se ficasse famoso quando era um garoto metido
de 18 anos, estaria injetando crack
no meu pescoço uma hora dessas.
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