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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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CINEMA/ESTRÉIA

"CONFISSÕES..."

Ator estréia na direção contando a vida dupla do produtor e suposto assassino de aluguel da CIA Chuck Barris

Longa mostra mudança da TV, diz Clooney

TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

George Clooney é um dos homens mais interessantes do cinema. Aos 41 anos, eleito várias vezes "o mais sexy", é um dos mais consistentes atores e produtores da indústria norte-americana. No ano passado, acrescentou mais um título: diretor, com "Confissões de uma Mente Perigosa", que estréia hoje no Brasil.
A cinebiografia mezzo-fantasiosa, mezzo-verdadeira do produtor de TV Chuck Barris, que se diz também ex-assassino de aluguel da CIA, foi um dos bons filmes dos EUA em 2002, muito por culpa do personagem real, muito por conta do elenco. De costumeiro bom humor, ele concedeu entrevista à Folha, em Nova York. "Sinto um prazer quase pornográfico quando sou elogiado."
 

Folha - Qual era sua maior preocupação com a história?
George Clooney -
Queria mostrar, entre outras coisas, como a TV foi mudando durante o tempo em que a história acontece. No começo mostramos a ingenuidade dos anos 50 e conforme a história vai se tornando mais pesada, isso se reflete também na televisão.

Folha - Chuck Barris é o maior mentiroso ou o maior agente secreto de todos os tempos?
Clooney -
Obviamente nunca perguntei isso a ele, porque não me interessava saber a verdade e achei que não podia, senão acabaria influenciando o filme. Precisava poder aceitar que, se a história fosse verdadeira, era uma coisa fantástica, mas, se não fosse, era igualmente fenomenal que um cara bem-sucedido como Chuck Barris escrevesse essa história. Se fosse uma pessoa que nunca tivesse conseguido nada na vida, faria sentido, mas por que ele?

Folha - Por que decidiu dirigir?
Clooney -
Eu já estava ligado a esse projeto como ator, e era um filme de que todos os atores e atrizes mais bem pagos e premiados de Hollywood queriam fazer parte. E, ainda assim, não ia ser produzido. O filme tinha US$ 40 milhões e não ia ser feito. Aí eu pensei: eu entendo esse filme, entendo de "game shows", meu pai tinha um "game show" na TV durante a minha adolescência, entendo alguns dos problemas que a fama traz. E sabia que se dissesse que dirigiria cobrando o mínimo, poderia atrair outros atores que aceitariam ganhar muito pouco.

Folha - Pegou gosto pela direção, vai virar diretor de verdade?
Clooney -
Gostei bastante, é divertido. Mas acho que você tem de fazer as coisas porque tem um motivo para fazê-las. Fiz esse filme porque eu entendia a história e porque de outra forma ele não seria feito. Tem um outro projeto que eu estou paquerando, tentando entender completamente, uma comédia, e, se eu descobrir como fazer, posso querer dirigir.

Folha - Você é mesmo assim, simpático, sorridente e gentil, ou está tentando manipular o que o seu público no Brasil vai pensar sobre você quando ler estar entrevista?
Clooney -
[Risos" Na verdade, bato nas minhas namoradas e tenho meia dúzia de filhos para quem não pago um centavo de pensão por aí (mais risos). Só tive sorte. E minha sorte foi a de demorar 15 anos trabalhando até ficar conhecido. É uma grande vantagem poder observar o mundo em que pretende entrar antes de entrar. Acho que se ficasse famoso quando era um garoto metido de 18 anos, estaria injetando crack no meu pescoço uma hora dessas.


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