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TELEVISÃO
Campanha para melhorar o nível dos programas busca suporte nos ministérios da Cultura, Educação e Saúde
"Ranking da baixaria" quer apoio do governo
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para pressionar as emissoras a
elevar o nível de sua programação, a campanha Quem Financia
a Baixaria É contra a Cidadania,
da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados, quer a ajuda do governo federal para fazer o máximo de barulho possível com seu "ranking
da baixaria".
Divulgado anteontem, o ranking lista os programas de TV que
receberam o maior número de reclamações, como "Domingo Legal" e "Big Brother Brasil".
Além de enviar a lista para o Ministério Público e para as redes de
TV, a comissão agora busca o
apoio dos ministérios da Educação, Cultura e Saúde.
"É uma ótima idéia", afirma o
deputado Orlando Fantazzini
(PT-SP), coordenador da campanha. "Vamos mandar o ranking e
nossos pareceres para o Ministério da Educação porque o linguajar utilizado nesses programas,
com o uso de palavras de baixo
calão, é um desserviço à população", afirmou o deputado.
"Ao Ministério da Cultura, pediremos uma análise para ver se
esses programas são culturais ou
não. Já o Ministério da Saúde poderá confirmar o impacto à saúde
pública exercido pelas imagens de
tentativas de suicídio, exibidas
por alguns desses programas. Ver
na TV uma pessoa apontando
uma arma para o próprio queixo
pode ser um estímulo a pessoas
desequilibradas."
Boicote
Na semana que vem, Fantazzini
vai solicitar que as direções das
emissoras recebam os pareceres e
alterem seus programas. Mas como sabe que isso não é fácil, o
coordenador já traçou duas novas
possibilidades de ataque.
Fantazzini explica: "Se as emissoras resistirem, entraremos em
contato com os patrocinadores
desses programas. Pediremos que
retirem o patrocínio. Se isso também não der certo, iniciaremos
uma campanha pedindo o boicote da população aos produtos desses patrocinadores".
Iniciada em novembro de 2002
por iniciativa da CDH, a campanha Quem Financia a Baixaria É
contra a Cidadania coletou 805
denúncias de telespectadores por
meio do www.eticanatv.org.br e
do telefone 0800-619-619. A justificativa da maioria das reclamações foi o forte apelo sexual, seguido pela violência.
Após a definição do ranking, em
13 de abril, os programas foram
analisados individualmente pelo
conselho da campanha -que elaborou pareceres sobre os pontos
positivos e negativos de cada programa.
Esse é o segundo "ranking da
baixaria" divulgado pela campanha da CDH. O primeiro, de fevereiro, acabou desmoralizado pelas emissoras de TV. Uma das razões é que ele apresentava apenas
62 denúncias, sendo considerado
inexpressivo.
A outra razão que afundou o
ranking anterior é que ele seguia
critérios confusos de justificativa
das denúncias. Confundia baixaria (desrespeito aos direitos humanos, segundo a cartilha da
campanha) com qualidade questionável.
Assim, programas como o infantil "Xuxa no Mundo da Imaginação", que teve quatro reclamações, apareciam à frente de outros
bem mais polêmicos, como "Domingão do Faustão", que havia
recebido três denúncias.
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