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Biografia e álbum duplo lembram artista "poderoso"
DA SUCURSAL DO RIO
O compositor Nei Lopes classifica Ataulfo Alves como "um
dos pilares sobre os quais se ergueu a música popular brasileira". Mas diz que o fato de ser
um expoente da UBC (União
Brasileira de Compositores),
forte sociedade de direitos autorais, deve tê-lo ajudado bastante. "Ataulfo era poderoso."
Sérgio Cabral, que acabou de
escrever "Ataulfo Alves - Vida e
Obra", endossa apenas em parte essa visão. Diz que o sambista "fez carreira" na UBC, sendo
segundo inspetor no final dos
anos 40 e chegando só posteriormente a cargos mais altos.
"Talvez tenha ajudado, porque ele entendia do assunto.
Mas o sucesso veio antes", afirma Cabral.
O sucesso obtido entre os
anos 40 e 60, com "Leva Meu
Samba" (sua primeira gravação
como cantor, de 1941), "Pois É",
"Na Cadência do Samba", "Laranja Madura", "Você Passa, Eu
Acho Graça", entre outras, impediu Ataulfo de ser tema dos
escritos de Cabral, embora fossem amigos.
"Ataulfo era vitorioso, tinha
um Cadillac, era dos mais elegantes, foi contratado da rádio
Nacional até morrer. Dei maior
importância a Cartola, Ismael
Silva, Nelson Cavaquinho, Zé
Keti. Eles não tinham dinheiro,
precisavam ser conhecidos.
Agora, todos morreram, Cartola é sempre lembrado, com justiça, e Ataulfo ficou esquecido",
diz Cabral.
De Melodia a Beth
O artista também será tema
de um CD duplo produzido por
Thiago Marques Luiz, a ser lançado até julho pela Lua Music.
Entre os intérpretes estão
Elza Soares, Luiz Melodia, Angela Ro Ro, Beth Carvalho, Elba
Ramalho, Fafá de Belém, Ná
Ozzetti, Fabiana Cozza, Simoninha, Romulo Fróes, Verônica
Ferriani e Silvia Machete.
Para o pesquisador Jairo Severiano, o fato de ser mineiro,
filho de um violeiro, determinou a originalidade de Ataulfo.
"Ele trouxe para o samba um
certo jeito dolente, melancólico, de toada sertaneja", afirma
o pesquisador.
Ataulfo ainda será homenageado neste ano em um musical
dirigido por Zezé Motta.
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