São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

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Municipal do Rio é reaberto após 2 anos de reforma

Teatro recebeu R$ 70 mi para restauração e modernização, ganhando de banheiros a novos pisos e folhamento de ouro

Durante os trabalhos na casa, construída há 101 anos, restauradores reencontraram painel de Eliseu Visconti (1866-1944)


AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

O resultado da maior reforma dos 101 anos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro -que custou R$ 70 milhões e causou seu fechamento por quase dois anos- será aberto ao público. No primeiro fim de semana, a operação de reinauguração será na linha "soft opening": hoje, para convidados, e amanhã, com 70% da lotação da casa à venda. A abertura oficial e completa será apenas no dia 27.
A reabertura lenta é parte do projeto do restauro: como não só detalhes arquitetônicos e históricos foram acertados, mas também a infraestrutura (banheiros, fiação), o teatro deve ser reocupado com cautela.
Se em 1991 os funcionários instalaram guarda-chuvas no teto do teatro para que não chovesse na ilustre visitante, a princesa Lady Di, agora pelo menos oito patrocinadores (Petrobras, Eletrobras, BNDES e outros) bancaram a obra de um ano e sete meses -que acabou por "melar" a festa do centenário, em 2009.
Quase mil pessoas trabalharam, entre eles importantes nomes de arte em teatro, como o francês Fabrice Gohard. Responsável pelo douramento da tocha da Estátua da Liberdade, em Nova York, e de telhados da Ópera de Paris e do Teatro de Versalhes (França), ele cuidou do ouro aplicado na águia no topo da fachada do Municipal.
"Procuramos na América Latina algum profissional que aplicasse ouro em área externa. Não há. O Municipal é o único da América Latina que usa ouro do lado de fora", diz Cecilia Modesto, uma das arquitetas da obra. Ao todo, foram 219 mil folhas de ouro na reforma.
O douramento novo chama a atenção na Cinelândia, onde fica o teatro -ao lado da Biblioteca Nacional e da Câmara Municipal-, encomenda do prefeito Pereira Passos em projeto para o Rio ser a "Paris tropical".
É na praça também que será nítida outra mudança: a calçada lateral será ampliada para criar um bulevar, com mesas e cadeiras. A estátua de Carlos Gomes, hoje no meio da Cinelândia, será levada para a área.
Do lado de dentro, em trabalho quase de arqueólogos, restauradores descascaram as paredes e viram surgir pinturas nos tetos das rotundas. A maior das descobertas, porém, foi um painel de Eliseu Visconti (1866-1944) para a boca de cena. De 1909, foi emparedado numa das reformas anteriores e revelado agora. Outras duas pinturas de Visconti no foyer do balcão nobre, tão desgastadas que eram consideradas perdidas, foram recuperadas em restauração dita "impressionante" pela arquiteta da obra. Ainda no foyer, 80% do douramento que estava coberto de tinta (em reformas inadequadas) volta ao original.
No primeiro dia aberto ao público, amanhã, a casa vai apresentar o balé "Carmen", de Roland Petit, com a orquestra sinfônica do teatro. Os ingressos terão desconto de 50% e algumas áreas não serão abertas.


CARMEN DE ROLAND PETIT

Quando: hoje para convidados, às 20h, amanhã, às 16h
Onde: Teatro Municipal do Rio (pça. Marechal Floriano, s/nº, tel. 0/xx/ 21/2332-9195)
Quanto: R$ 8
Classificação: não informada




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