São Paulo, Sábado, 01 de Maio de 1999
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BIENAL RJ/SALÃO SP
Catracas eletrônicas desinflam os números de organizadores

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

As feiras de livros nacionais, sejam paulistanas ou cariocas, resolveram desinflar seus números.
Contando com o álibi de agora possuírem catracas eletrônicas, os organizadores do 1º Salão Internacional do Livro de São Paulo e da 9ª Bienal Internacional do Livro do Rio afirmam que todos os números divulgados até hoje não refletem o número verdadeiro de visitantes de suas feiras.
"Acho que esse ano teremos dois números verdadeiros", afirma José Henrique Grossi, vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro, que organiza as feiras em São Paulo.
"Nem nós considerávamos confiáveis os números antigos", diz Arthur Repsold, diretor da empresa contratada pelo Sindicato Nacional dos Editores do Livro para organizar a Bienal do Rio.
Os números antigos são do patamar do milhão. Na última Bienal do Rio, por exemplo, divulgou-se 943.212 visitantes. No ano passado, a Bienal de São Paulo divulgou 1.396.474 visitantes.
Esse ano, o Rio está divulgando uma estimativa de 500 mil. Até quarta-feira, 348.438 pessoas, sempre segundo os números oficiais, haviam entrado nos pavilhões do Riocentro. A feira começou na terça da semana passada e vai até esse domingo.
"Antes, usávamos roletas e uma pessoa que trabalhava no evento passava muitas vezes e era sempre contada . Agora, estamos desconsiderando os funcionários e divulgando apenas o público", afirma Repsold.
Seu colega paulistano, José Henrique Grossi, concorda com a explicação da roleta, mas deu também outra razão: "Mídia. Um não queria perder do outro, aparecendo com números menores nos jornais".
Essa, aliás, é a principal razão de a organização da feira paulistana ter optado pela tática de não divulgar seus números diariamente, apesar de contar com catracas eletrônicas semelhantes às da Bienal do Rio.
"O público está um pouco abaixo do esperado", diz Grossi. "A diretoria achou por bem divulgar apenas no dia 4 ou 5 de maio."
O fato de as duas feiras acontecerem ao mesmo tempo pode ter ajudado a diminuir o público, mas Repsold não concorda. "Não acho que esteja afetando. Não sinto isso. Certamente essa é a Bienal mais bem-sucedida em termos de movimento, resultado e promoção", afirma.
"Quando marcamos a Bienal para abril (sempre foi em agosto), tínhamos a expectativa que o Salão do Livro em São Paulo não aconteceria. Acho que o Salão estava marcado para maio e trocou para abril", diz Repsold.
"Eles sabiam sim", rebate Grossi. "Foi uma estratégia deles, acho que bem-sucedida. O Salão estava marcado para este mês desde agosto de 96."
Grossi afirma não saber se haverá mais Salão do Livro em São Paulo. "Vamos avaliar em conjunto com os organizadores do Rio. Se houver, não será mais nos mesmos dias."


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