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MÚSICA
Aura mítica cerca 1ª turnê de Lauryn Hill no Brasil
Cantora aceitou o 21º convite para vir ao país porque 21 é seu número de sorte
"Miss Hill" quer conhecer a "cultura afro-americana-brasileira", e preparou shows com grande banda e músicas de seu próximo trabalho
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
Ela aceitou vir ao Brasil porque esse foi o 21º convite que
recebeu para se apresentar
aqui, e 21 é seu número de sorte. Recusa-se a dar entrevistas
às publicações norte-americanas, pois acha depreciativa a
maneira como eles falam sobre
as mulheres negras. E faz questão de ser chamada de miss Hill
(senhora Hill). É com uma aura
quase mítica, cheia de manias e
mistérios, que a cantora norte-americana Lauryn Hill faz sua
primeira turnê no país -com
shows caríssimos e ingressos
quase esgotados em todos os
Estados.
Empolgada com a oportunidade de conhecer o que chama
de "cultura afro-americana-brasileira", miss Hill preparou
um espetáculo especial, que terá uma grande banda e, provavelmente, músicas de seu próximo trabalho (ela está em estúdio). O fato é bastante relevante, já que, desde que lançou
seu disco solo, "The Miseducation of Lauryn Hill", em 1998,
ela foge dos palcos como o diabo da cruz.
"Foi um período muito introspectivo e complicado para
mim", conta miss Hill, em entrevista por e-mail. "Tive que
reunir uma quantidade considerável de coragem, fé e risco
para ganhar confiança em mim
mesma. Compreendi que precisava primeiro entender sobre
o que estava falando, antes de
dizer isso para mais alguém."
Sua saída de cena coincidiu
com o nascimento de seu primeiro filho, Zion Marley -neto
de Bob Marley-, e também
com o período em que ela atingiu o auge da fama, após ganhar
oito prêmios Grammy e vender
10 milhões de cópias do CD.
Na época, a imprensa citou
letras de suas músicas para explicar o recolhimento. Entre as
especulações, as mágoas com o
ex-marido Wyclef Jean, com
quem dividia os vocais no trio
Fugees, e as críticas para não
ter o bebê e estragar a carreira
-ela tinha 22 anos.
A fama e todas as pressões e
conseqüências relacionadas a
ela, no entanto, foram o real
motivo de Lauryn Hill ter feito
apenas quatro performances
em seis anos. "Nunca lidei bem
com a celebridade", diz. "Por
um período, tive que me afastar
completamente. Havia muitas
tentações, armadilhas e falsidades, seja ela a dependência em
uma imagem ou em um falso
senso de segurança."
"A celebridade por si só se
torna um vício", completa a
cantora. "Todos ficam presos
ao padrão de uma imagem supercool, superperfeita, supermadura, superconsistente. Fica
muito bonito nas prateleiras,
mas também pode machucar as
pessoas, e estancar seu crescimento, porque sua imagem
cresce, mas a pessoa não."
Fugees
Lauryn Hill despontou no cenário pop aos 19 anos, como integrante do Fugees, que, além
dela, tinha os rappers Wyclef
Jean e Prakazrel "Pras" Michel.
O grupo vendeu milhões de discos com uma deliciosa mistura
de jazz, rap, R&B e reggae.
A versão feita para a música
"Killing Me Softly With His
Song" (de Charles Fox e Norman Gimbel), antes conhecida
na interpretação de Roberta
Flack, tornou-se um sucesso
estrondoso na voz de miss Hill,
e inspirou cantoras do mundo
todo. As brasileiras Céu e Negra
Li, por exemplo, já a citaram
como uma de suas referências.
"Acho que meu status de ícone vem do fato de as pessoas
apreciarem o valor de minha
honestidade, então, isso é bem
merecido", fala miss Hill sobre
essa influência.
O rompimento com Wyclef
Jean coincidiu com o lançamento de sua carreira solo e o
fim do Fugees, que ensaiou um
retorno em 2006, mas fez apenas um concerto. "Ao voltar e
resolver os assuntos que separaram a banda, tentamos capitalizar a energia e sinergia que
existiram antes", explica ela.
"Minhas primeiras experiências no palco e muito da minha
confiança vêm do que aprendi
no estúdio com esses caras, especialmente Wyclef", diz miss
Hill. "As coisas provavelmente
não terminaram corretamente.
Esse projeto tem muito mais a
ver com uma conclusão. Quando você é capaz de resolver as
coisas negativas, pode reconquistar as positivas."
LAURYN HILL
Quando: 14 e 15/6, às 22h
Onde: Tom Brasil - Nações Unidas
(r. Bragança Paulista, 1.281, Chácara Sto. Antonio, tel. 0/xx/11/2163-2000)
Quanto: R$ 200 (pista) a R$ 380
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