São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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MÚSICA

Aura mítica cerca 1ª turnê de Lauryn Hill no Brasil

Cantora aceitou o 21º convite para vir ao país porque 21 é seu número de sorte

"Miss Hill" quer conhecer a "cultura afro-americana-brasileira", e preparou shows com grande banda e músicas de seu próximo trabalho


ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

Ela aceitou vir ao Brasil porque esse foi o 21º convite que recebeu para se apresentar aqui, e 21 é seu número de sorte. Recusa-se a dar entrevistas às publicações norte-americanas, pois acha depreciativa a maneira como eles falam sobre as mulheres negras. E faz questão de ser chamada de miss Hill (senhora Hill). É com uma aura quase mítica, cheia de manias e mistérios, que a cantora norte-americana Lauryn Hill faz sua primeira turnê no país -com shows caríssimos e ingressos quase esgotados em todos os Estados.
Empolgada com a oportunidade de conhecer o que chama de "cultura afro-americana-brasileira", miss Hill preparou um espetáculo especial, que terá uma grande banda e, provavelmente, músicas de seu próximo trabalho (ela está em estúdio). O fato é bastante relevante, já que, desde que lançou seu disco solo, "The Miseducation of Lauryn Hill", em 1998, ela foge dos palcos como o diabo da cruz.
"Foi um período muito introspectivo e complicado para mim", conta miss Hill, em entrevista por e-mail. "Tive que reunir uma quantidade considerável de coragem, fé e risco para ganhar confiança em mim mesma. Compreendi que precisava primeiro entender sobre o que estava falando, antes de dizer isso para mais alguém."
Sua saída de cena coincidiu com o nascimento de seu primeiro filho, Zion Marley -neto de Bob Marley-, e também com o período em que ela atingiu o auge da fama, após ganhar oito prêmios Grammy e vender 10 milhões de cópias do CD.
Na época, a imprensa citou letras de suas músicas para explicar o recolhimento. Entre as especulações, as mágoas com o ex-marido Wyclef Jean, com quem dividia os vocais no trio Fugees, e as críticas para não ter o bebê e estragar a carreira -ela tinha 22 anos.
A fama e todas as pressões e conseqüências relacionadas a ela, no entanto, foram o real motivo de Lauryn Hill ter feito apenas quatro performances em seis anos. "Nunca lidei bem com a celebridade", diz. "Por um período, tive que me afastar completamente. Havia muitas tentações, armadilhas e falsidades, seja ela a dependência em uma imagem ou em um falso senso de segurança."
"A celebridade por si só se torna um vício", completa a cantora. "Todos ficam presos ao padrão de uma imagem supercool, superperfeita, supermadura, superconsistente. Fica muito bonito nas prateleiras, mas também pode machucar as pessoas, e estancar seu crescimento, porque sua imagem cresce, mas a pessoa não."

Fugees
Lauryn Hill despontou no cenário pop aos 19 anos, como integrante do Fugees, que, além dela, tinha os rappers Wyclef Jean e Prakazrel "Pras" Michel.
O grupo vendeu milhões de discos com uma deliciosa mistura de jazz, rap, R&B e reggae.
A versão feita para a música "Killing Me Softly With His Song" (de Charles Fox e Norman Gimbel), antes conhecida na interpretação de Roberta Flack, tornou-se um sucesso estrondoso na voz de miss Hill, e inspirou cantoras do mundo todo. As brasileiras Céu e Negra Li, por exemplo, já a citaram como uma de suas referências.
"Acho que meu status de ícone vem do fato de as pessoas apreciarem o valor de minha honestidade, então, isso é bem merecido", fala miss Hill sobre essa influência.
O rompimento com Wyclef Jean coincidiu com o lançamento de sua carreira solo e o fim do Fugees, que ensaiou um retorno em 2006, mas fez apenas um concerto. "Ao voltar e resolver os assuntos que separaram a banda, tentamos capitalizar a energia e sinergia que existiram antes", explica ela.
"Minhas primeiras experiências no palco e muito da minha confiança vêm do que aprendi no estúdio com esses caras, especialmente Wyclef", diz miss Hill. "As coisas provavelmente não terminaram corretamente.
Esse projeto tem muito mais a ver com uma conclusão. Quando você é capaz de resolver as coisas negativas, pode reconquistar as positivas."


LAURYN HILL
Quando:
14 e 15/6, às 22h
Onde: Tom Brasil - Nações Unidas (r. Bragança Paulista, 1.281, Chácara Sto. Antonio, tel. 0/xx/11/2163-2000)
Quanto: R$ 200 (pista) a R$ 380


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