São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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CDs

Reggae
Abre a Janela
PONTO DE EQUILÍBRIO
Gravadora:
Klimanjaro; Quanto: R$ 15, em média; Avaliação: bom
"Janela da Favela", música que inspirou o título do segundo CD da banda carioca, é do sambista Gracia do Salgueiro, pai de um dos integrantes e autor de "1.800 Colinas", sucesso de Beth Carvalho. Significativamente, é disparada a melhor música do disco. Primeiro, porque permite ao grupo uma união muito feliz e promissora entre samba e reggae -mas sem parecer com o samba-reggae baiano.
E ainda é mais precisa como canção de protesto do que outras feitas com esse fim. "Abre a janela da favela/ Você vai ver a beleza que tem por dentro dela", diz a letra. Há outras faixas boas, mas também há referências demais a Jah, Monte Sião e outros clichês do repetitivo mundo do reggae. Aliás, o encarte vem com uma seda passível de ser usada para fazer cigarro de maconha, embora não haja apologia ao uso no CD.
POR QUE OUVIR: Pelas possibilidades abertas com "Janela da Favela", principalmente. (LUIZ FERNANDO VIANNA)

Instrumental
Das Ilhas Mestiças
RODRIGO LESSA
Gravadora:
independente; Quanto: R$ 20, em média; Avaliação: bom
Formado no choro e com passagens expressivas pelo samba e outras bossas nacionais, o bandolinista e violonista Rodrigo Lessa dá um passo além das fronteiras e mistura Cuba e Cabo Verde ao Brasil neste novo CD. Mais do que fusões, suas composições fazem um reconhecimento de afinidades. Uma faixa como "Burrito" mostra como samba e són são deliciosamente próximos. Com direito a citação de sua "Bananeira", João Donato participa de outra braso-cubana, "Por que que Tem que Ser Assim?". Os laços atlânticos se fortalecem nas dançantes "Calango Mindelo", "Sem Vergonha" e "Ilhas Mestiças", entre outras, mas também na melancólica "Morabeza". O bom fecho é com "Rala Coxa", música de 2003 que deu origem a esta jornada de Lessa.
POR QUE OUVIR: melhor do que panfletos, as músicas mostram como são fortes e naturais nossos elos com Caribe e África. (LFV)

Trilha
Tudo o que Gira Parece a Felicidade
ARTHUR NESTROVSKI
Gravadora:
Gaia Discos; Quanto: R$ 29, em média; Avaliação: bom
Composta pelo articulista da Folha Arthur Nestrovski, a trilha do espetáculo homônimo do coreógrafo Ivaldo Bertazzo e da crítica da Folha Inês Bogéa traz 12 faixas que passam por choro, afro-samba, ciranda e "noturno pianístico", com participação dos cantores Celso Sim e Ná Ozzetti, do clarinetista Proveta, do pianista Marcelo Jeneci e de outros. Com firmeza quase erudita, o disco traz obras maduras e arranjos cristalinos, num clima não muito distante da pós-vanguarda paulistana de gente como Dante Ozzetti, Ceumar, DonaZica, André Mehmari. Inteligente e bonito, mas com seriedade quase fria.
POR QUE OUVIR: Pela beleza das canções e delicadeza dos arranjos, pelo capricho na composição e execução. (RONALDO EVANGELISTA)

Erudito
Cartas Brasileiras
LÉA FREIRE
Gravadora:
Maritaca; Quanto: R$ 31, em média; Avaliação: bom
Com direção musical de Teco Cardoso e regência de Gil Jardim, a flautista Léa Freire reuniu membros da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e um verdadeiro "dream team" da música popular para executar suas composições. Estão lá o piano de André Mehmari, a voz de Mônica Salmaso, o violão de Paulo Bellinati, o saxofone de Proveta e os clarinetes do Sujeito a Guincho, entre outros.
POR QUE OUVIR: No muitas vezes difícil diálogo entre mundos distintos, Léa Freire constrói uma ponte sensível, na qual o refinamento "erudito" não atua como restrição. Muito pelo contrário: faz as vezes de complemento da espontaneidade "popular". (IRINEU FRANCO PERPETUO)

Pop/jazz
Call me Irresponsible
MICHAEL BUBLÉ
Gravadora:
Warner; Quanto: R$ 30, em média; Avaliação: regular
Não é à toa que o CD começa com "The Best Is Yet to Come" (sucesso de Frank Sinatra), nem que o cover de "Me and Mrs. Jones" (hit de Billy Paul) está na trilha da novela "Paraíso Tropical". Com pose de galã e repertório que remete aos crooners das big bands, o canadense Michael Bublé já vendeu 11 milhões de discos. Ele repete a fórmula em seu terceiro álbum, contando mais uma vez com o produtor David Foster (Céline Dion). De novidade, há um duo com Ivan Lins, em "Wonderful Tonight", de Eric Clapton. Já a inacreditável versão da italiana "Meglio Stasera" não poderia ser mais cafona.
POR QUE OUVIR: As fãs que não se incomodam por Bublé cantar como se vivesse nos anos 40 devem gostar. (CARLOS CALADO)

Rock
Live in Glasgow
PAUL RODGERS
Gravadora:
ST2; Quanto: R$ 29, em média; Avaliação: bom
Apesar de ser reconhecido como um dos maiores cantores de rock de todos os tempos, no Brasil o vocalista e compositor inglês é mais conhecido por sua faceta no Free e por recentemente ter acompanhado dois quartos do Queen em uma turnê. Neste CD, tem-se uma oportunidade de conhecer um pouco mais de sua obra solo e em outras bandas, como Bad Company, The Law e The Firm. Branco de voz negra e inteira aos 58 anos, Rodgers e banda soam como um vivo classic rock em canções como "Feel Like Makin" Love" e "Louisiana Blues", de Muddy Waters.
POR QUE OUVIR: para saber que há mais de onde veio a surrada "All Right Now" e que ele não é tão picareta quanto a turnê com o Queen sugerira. Tem pedigree. (MÁRVIO DOS ANJOS)


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