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Crítica
Hitchcock nos ensina a ver nas aparências
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O que mais dizer de "Intriga Internacional" (Turner Classic Movies, 0h05)? Ele talvez
seja o mais perfeito dos filmes
de perseguição de Hitchcock,
esses em que o inocente foge da
polícia para buscar provas da
inocência e, para tal, precisa, ao
mesmo tempo, procurar o verdadeiro culpado e fugir de suas
investidas. É o destino de Cary
Grant diante de James Mason.
Hitchcock desenvolveu, assim, uma arte especial, em que
proclama o cinema como arte
da aparência -e duvida dela.
Por que a polícia se engana e
persegue inocentes? Pois é incapaz de olhar as aparências.
O cinema seria a arte de ver
na aparência o que existe de
realidade. Para tanto, não se
trata de ir do superficial ao profundo, mas o inverso: o evidente é algo a conquistar. Cineastas
deviam ver Hitchcock e ler "A
Carta Roubada", de Poe.
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