ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Já está nas livrarias de todo o Brasil "Chic Homem, Manual de Moda e Estilo", escrito pela jornalista e consultora Glória Kalil. Mais do que encerra seu subtítulo, o livro faz quase um tratado sobre o bem-estar, a educação, o comportamento, os hábitos e, finalmente, a elegância do homem brasileiro. "É assunto de homem, sim senhor", brada em letra garrafais.
Glória rima vaidade com praticidade e promove verdadeiro guia técnico para o vestir, lições que podem valer um emprego.
Bem-humorada, encontra o tom certo para promover derrocadas históricas sobre alguns dos mais arraigados fundamentos do machismo nacional. Por exemplo, a compra das cuecas.
Glória conversa com o leitor. Mas sem maternalismo, sempre mantendo um leve e cortês cinismo. Na passagem em que comenta os carecas, promove injeções de auto-estima: "Por que esse desespero? Ser careca não é o fim do mundo".
Melhor ainda que a versão feminina do guia (já em sua 15ª edição), "Chic Homem" atende a um consumidor ainda mais abandonado que as mulheres, em termos de estilo.
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"Chic Homem" não é só para os homens, mas para as mulheres ao lado -ou à frente- deles. Mas não pense que Glória cai na armadilha barata de ficar falando e depois explicando uns termos de moda complicados só para demonstrar erudição fashion ou humilhando o leitor. Glória não precisa disso. O que ela quer é a cumplicidade.
Glória constata aspectos que, para nós, beiram o óbvio ululante: "Mulher detesta homem que vê programas de esporte na TV o domingo inteiro".
Será que os homens nunca perceberam isso? A autora dá várias pistas, a começar da dedicatória: "O primeiro homem que me pegou no colo era bonito, bem vestido e cheiroso. Fiquei mal-acostumada. Todas as vezes em que penso nele -meu pai- sinto, junto com as saudades, o cheirinho de seu perfume".



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