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Músicos
adotam novo
tambor de
maracatu
MANOELLA VALADARES
da Agência Folha, em Recife
O percussionista pernambucano
Maureliano Ribeiro da Silva, 33,
criou um novo tambor de maracatu, mais leve que os tradicionais,
com cobertura de couro de bode e
capaz de produzir uma sonoridade mais grave e rústica.
"São tambores especiais, diferentes, que remetem aos bombos
tradicionais do maracatu do século passado", disse o compositor
Lenine, que tem dois tambores de
Maureliano em sua banda.
A lista de artistas que também
adquiriram os tambores inclui
Max Cavalera, o DJ Carlos Soul
Slinger, o grupo Sepultura e a banda Nação Zumbi.
Os tambores tradicionais de maracatu são feitos de ferro e macaíba (matéria-prima extraída de
uma palmeira típica do Nordeste)
e pesam cerca de 20 quilos. Os de
Maureliano são de compensado de
madeira e pesam oito quilos.
"Modernizei o instrumento e
ainda consegui extrair dele um
som mais selvagem", disse Maureliano, que toca caixa na Via Sat,
banda emergente do mangue beat.
Na cobertura do instrumento,
ele usa couro de bode em vez de
pele sintética, o que deixa a sonoridade mais pesada. "A pele sintética tira a qualidade do som", disse Maureliano, que criou a oficina
Barravento para experimentar novos materiais na feitura de instrumentos de percussão.
Para retirar a vibração do som, o
músico coloca espuma dentro do
instrumento. "Só uso materiais
baratos", disse ele.
A idéia do novo tambor surgiu
quando Maureliano estava sem dinheiro para fazer tambores de ferro e macaíba. O instrumento é feito à mão e tem pintura assinada
pelo próprio músico.
Chico Science (morto em um desastre de carro em fevereiro do
ano passado) foi o primeiro artista
de destaque a usar os tambores do
pernambucano.
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