São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

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Músicos adotam novo tambor de maracatu

MANOELLA VALADARES
da Agência Folha, em Recife

O percussionista pernambucano Maureliano Ribeiro da Silva, 33, criou um novo tambor de maracatu, mais leve que os tradicionais, com cobertura de couro de bode e capaz de produzir uma sonoridade mais grave e rústica.
"São tambores especiais, diferentes, que remetem aos bombos tradicionais do maracatu do século passado", disse o compositor Lenine, que tem dois tambores de Maureliano em sua banda.
A lista de artistas que também adquiriram os tambores inclui Max Cavalera, o DJ Carlos Soul Slinger, o grupo Sepultura e a banda Nação Zumbi.
Os tambores tradicionais de maracatu são feitos de ferro e macaíba (matéria-prima extraída de uma palmeira típica do Nordeste) e pesam cerca de 20 quilos. Os de Maureliano são de compensado de madeira e pesam oito quilos.
"Modernizei o instrumento e ainda consegui extrair dele um som mais selvagem", disse Maureliano, que toca caixa na Via Sat, banda emergente do mangue beat.
Na cobertura do instrumento, ele usa couro de bode em vez de pele sintética, o que deixa a sonoridade mais pesada. "A pele sintética tira a qualidade do som", disse Maureliano, que criou a oficina Barravento para experimentar novos materiais na feitura de instrumentos de percussão.
Para retirar a vibração do som, o músico coloca espuma dentro do instrumento. "Só uso materiais baratos", disse ele.
A idéia do novo tambor surgiu quando Maureliano estava sem dinheiro para fazer tambores de ferro e macaíba. O instrumento é feito à mão e tem pintura assinada pelo próprio músico.
Chico Science (morto em um desastre de carro em fevereiro do ano passado) foi o primeiro artista de destaque a usar os tambores do pernambucano.



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