São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

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CINEMA
Além de produzir um filme que terá a atriz americana, Luiz Carlos Barreto planeja montar uma distribuidora
Barreto prepara longa com Amy Irving

DENISE MOTA
enviada especial a Fortaleza

"Sou muito megalômano", afirmou o produtor Luiz Carlos Barreto, 70, durante o 8º Cine Ceará, festival que acontece em Fortaleza até 4 de junho.
Coordenando o lançamento de "Bela Donna" -que abriu o festival, na última sexta-feira- e preparando-se para iniciar a produção de um longa de Bruno Barreto, "Miss Simpson" (com a mulher do diretor, Amy Irving, no papel principal), o produtor ainda planeja abrir uma distribuidora de filmes nacionais até o final do ano.
"É necessário que nosso cinema comece a se desvencilhar da Lei do Audiovisual, que deve acabar em 2003 mesmo", afirmou.
Presente ao festival para a pré-estréia de "Bela Donna", Barreto definiu a obra como "bonita e perigosa", como a planta que leva o mesmo nome do filme.
O diretor do longa, Fábio Barreto, não compareceu à abertura do Cine Ceará, por motivos de saúde.
Ambientado no início da Segunda Guerra -e, por isso, "fácil de escorregar para armadilhas políticas, que foram evitadas", segundo o produtor-, o filme traz uma história de pescador cuja "mentira" está no título, a se julgar pela estratégia de lançamento da obra no Brasil, em 7 de agosto.
Com a canadense Natasha Henstridge no papel-título, o longa terá em Eduardo Moscovis sua verdadeira "prima donna".
Recém-saído da novela "Por Amor", Moscovis, que ainda não tem em vista novos projetos, está escalado para participar de pré-estréias locais do filme pelo país.
"Sabemos que o foco do público está no Eduardo. Se 60 milhões de pessoas viram a novela e 1% desse público se voltar ao cinema, já são 600 mil espectadores", contabiliza Barreto.
O produtor evita relacionar o longa a mais uma inscrição ao Oscar (a família teve "O Quatrilho", de Fábio Barreto, e "O Que É Isso, Companheiro?", de Bruno Barreto, indicados ao prêmio de melhor filme estrangeiro de 96 e 98, respectivamente).
"Não fizemos filme para o Oscar, ele não é um filme de estouro, não é "Titanic', não é "Tubarão'."
Negociado no exterior pela distribuidora e produtora Pandora, "Bela Donna", que custou R$ 5,5 milhões, foi vendido para 25 países, incluindo Espanha, Alemanha, Itália e toda a América Latina. Viúvas de Glauber
Classificado pelo produtor como representante de um "cinema nacional visual", que prioriza imagens, e não diálogos, "como o cinema estrangeiro norte-americano", "Bela Donna" foi alvo de críticas de alunos do Instituto Dragão do Mar, escola que forma profissionais especializados em técnicas cinematográficas.
Com a faixa "Não existe fome na Disneylândia", dentro do Cine São Luiz, seis estudantes, um grupo de capoeiristas e uma banda, auto-intitulados Viúvas de Glauber, exigiam "maior inventividade" da obra e protestavam contra o fato de a maioria dos personagens falarem inglês, embora a trama se passe em uma área de simples pescadores.
Do cantor Falcão ao pré-candidato à Presidência pelo PPS, Ciro Gomes, a abertura do 8º Cine Ceará ainda reuniu atores como José Wilker (apresentador do festival) e Eduardo Moscovis.
No sábado, o festival exibiu os curtas nacionais "100 Redes e Tralhas", "Terra de Morada", "Lápide", "Simião Martiniano, o Camelô do Cinema", "Um Dia e Logo Depois um Outro", "O Náufrago" e o longa "Iremos a Beirute", de Marcus Moura.


A jornalista Denise Mota viaja a Fortaleza a convite da organização do festival.



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