São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conflito habita paisagens de "Bela Donna'

da enviada a Fortaleza

Dez anos -e uma atriz- separam "Bela Donna" de "Luzia Homem" (87), filme também rodado no Ceará por Fábio Barreto para o qual também estava convidada a atriz Florinda Bolkan, que não participou da produção.
Dessa vez, ela não só aceitou o convite para interpretar uma mística respeitada em uma vila de pescadores, mas também cedeu sua casa para servir de locação.
A paisagem de Quixadá e Canoa Quebrada (CE), em 1939, quando eclode a Segunda Guerra Mundial, abriga o conflito existencial de uma jovem estrangeira, recém-chegada ao país, e de um pescador viajado, tão abundante em aventuras pelo mundo quanto em relacionamentos amorosos.
Em adaptação do romance "Riacho Doce", de José Lins do Rego, Eduardo Moscovis é Nô, o desejo de todas as mulheres da região, que volta ao lar para rever a mãe (Bolkan) e velhos amigos.
Em situação oposta, buscando uma vida nova e fugindo da guerra iminente, chega ao local um engenheiro especializado em escavação de petróleo (Andrew McCarthy, de "A Garota de Rosa Shocking"), contratado por um empresário brasileiro (Guilherme Karam) que lhe promete a possibilidade de enriquecimento rápido.
Com ele vem Donna (Natasha Henstridge, de "A Experiência"), sua mulher, de personalidade turbulenta e inconstante e passado misterioso.
Entediada com a depressão crescente do marido e extasiada com a beleza natural que a cerca, Donna se embrenha na cultura local e se apaixona por Nô.
O relacionamento, rapidamente notório na comunidade, recebe a desaprovação da mãe do pescador, que prevê desgraça para o filho, e a traição de um dos companheiros de Nô (Ângelo Antônio), que se aproveita da ira do marido de Donna para encomendar, a um matador de aluguel (Jackson Costa), a morte do pescador.

Jeová
Para interpretar o papel, o ator Eduardo Moscovis afirmou ter se inspirado em Jeová, um pescador que conheceu em sua chegada em Canoa Quebrada, casado com uma suíça.
Rodado em Cinemascope e produzido com recursos obtidos por meio da Lei do Audiovisual, Lei Rouanet e Lei de Incentivo Fiscal à Cultura do Estado do Ceará, o quinto longa-metragem de Fábio Barreto ainda traz no elenco Letícia Sabatella, Odilon Wagner e Sophie Ward.
A trilha sonora tem assinatura de Dori Caymmi e a fotografia é do argentino Felix Monti (de "A História Oficial"), que já trabalhou com a família Barreto em "O Quatrilho" e "O Que É Isso, Companheiro?".
(DM)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.