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Crítica
Filmes trazem um James Dean triste
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Os personagens de James
Dean nunca me pareceram
muito inteligentes. Eles parecem incapazes de se deter, de
erguer a cabeça e raciocinar a
respeito do que os atinge.
Nesse sentido, o plano mais
memorável de Jimmy mostra
apenas seu pé. É o momento de
"Assim Caminha a Humanidade" (TCM, 23h55) em que
ele pisa com força o solo de sua
pequena propriedade, a bota
afunda ligeiramente e vemos
um líquido negro desprender-se da terra, como que pressionado pela força do ator.
Dean é triste em "Assim Caminha a Humanidade", assim
como em "Juventude Transviada" (TCM, 22h). Mas deste
já falamos muito, aqui mesmo.
"Assim Caminha..." fica um
pouco para trás na trajetória de
Dean, atrás também de "Vidas
Amargas" (o popular "A Leste
do Eden"), de Elia Kazan. Talvez isso aconteça devido à vastidão de seu assunto: a passagem do Texas de economia
agropecuária a lugar privilegiado do petróleo americano.
Do petróleo, não: da magia.
Pois, como vimos naquela cena
de Jimmy, não tinha nada a ver
com o petróleo de hoje, que
precisa ser retirado do mar, a
um custo enorme. O petróleo
de Dean aflorou. Estava lá, à espera. Mágico, transforma a realidade e, com ela, a sensibilidade. Mas, apesar da fortuna inesperada, Dean permanecerá em
conflito com o mundo, parecerá incapaz de compreendê-lo. É
um filme meio pesadão, um
tanto pomposo, mas de modo
algum desinteressante.
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