São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica

Filmes trazem um James Dean triste

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Os personagens de James Dean nunca me pareceram muito inteligentes. Eles parecem incapazes de se deter, de erguer a cabeça e raciocinar a respeito do que os atinge.
Nesse sentido, o plano mais memorável de Jimmy mostra apenas seu pé. É o momento de "Assim Caminha a Humanidade" (TCM, 23h55) em que ele pisa com força o solo de sua pequena propriedade, a bota afunda ligeiramente e vemos um líquido negro desprender-se da terra, como que pressionado pela força do ator.
Dean é triste em "Assim Caminha a Humanidade", assim como em "Juventude Transviada" (TCM, 22h). Mas deste já falamos muito, aqui mesmo.
"Assim Caminha..." fica um pouco para trás na trajetória de Dean, atrás também de "Vidas Amargas" (o popular "A Leste do Eden"), de Elia Kazan. Talvez isso aconteça devido à vastidão de seu assunto: a passagem do Texas de economia agropecuária a lugar privilegiado do petróleo americano.
Do petróleo, não: da magia. Pois, como vimos naquela cena de Jimmy, não tinha nada a ver com o petróleo de hoje, que precisa ser retirado do mar, a um custo enorme. O petróleo de Dean aflorou. Estava lá, à espera. Mágico, transforma a realidade e, com ela, a sensibilidade. Mas, apesar da fortuna inesperada, Dean permanecerá em conflito com o mundo, parecerá incapaz de compreendê-lo. É um filme meio pesadão, um tanto pomposo, mas de modo algum desinteressante.


Texto Anterior: Bia Abramo: "Entrelinhas" fala de livros sem arrogância
Próximo Texto: Novelas da semana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.