São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Nara Roesler, Ceuma e CCSP começam hoje nova temporada de exposições importantes em São Paulo

Agosto torna SP fértil em mostras

ANA WEISS
DA REDAÇÃO

No calendário das artes plásticas paulistanas, julho é período de incubação e, por isso, agosto é um mês fecundo: só hoje serão inauguradas pelo menos seis importantes exposições em São Paulo: duas individuais juntas na galeria Nara Roesler, três no Centro Universitário Maria Antonia (leia mais à pág.E 10) e uma coletiva no Centro Cultural São Paulo.
Diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage há cinco anos, Luiz Ernesto não expunha há quatro. Ele divide, a partir de hoje, as salas do primeiro andar da galeria Nara Roesler com José Spaniol.
Gravador por excelência (engenheiro de formação), o artista plástico exibe grandes caixas de fibra de vidro com gravações de fotografias de objetos domésticos ligados à água pelo uso, como torneiras, baldes, copos.
E a água não está presente apenas por associação de idéias. As "telas", feitas de material transparente, mudam de tom de acordo com a luz. Como suas obras ocupam o espaço perto da entrada da galeria (toda de vidro), suas peças dão a impressão de refletir as cores do céu e de se transformarem com o passar do dia.
Na sala seguinte, José Spaniol apresenta uma recentíssima série de dez esculturas, todas finalizadas este ano. De cara, o visitante se dá conta da ironia: todas as peças são feitas de mármore e bronze, materiais da "escultura clássica", eleitos pela tradição por proporcionar um bom acabamento aos objetos. Só que os de Spaniol têm algumas bases rachadas e desfiguradas, ou seja, não pretendem primar pelo acabamento.
"Do mármore, preservei algumas vezes as marcas do momento em que ele foi arrancado da terra", conta o artista, que também arriscou com o branco e dourado das matérias-primas (você conhece alguma combinação mais próxima do kitsch?).
Mas a maior provocação de Spaniol diz respeito aos exaustivos e quase sempre inúteis esforços teóricos em relacionar arte abstrata com objetos conhecidos. Diálogos típicos de galeria, como "isso me lembra uma árvore, um barco, uma peça sanitária" ficam mais engraçados diante das esculturas que, no fim das contas, podem parecer muita coisa.
O crítico Alberto Tassinari localiza bem a fase de Spaniol no texto de apresentação da mostra. "Não é mais o caso de transformar o útil em estético, mas de relacionar o que parece útil com o que se espera que seja estético", escreve.

Lugar de passagem
O Centro Universitário Maria Antonia, além das exposições em cartaz, abriga uma grande instalação da mineira Iole de Freitas que também pode ser vista a partir de hoje. A peça da artista não ocupa, no entanto, os espaços expositivos do lugar. Feita de tubos de aço retorcidos ("em uma oficina siderúrgica no Rio", ela reforça) e chapas transparentes, a grande obra "começa" no hall de entrada do espaço, "continua" pelas escadas e "termina" no primeiro andar do prédio que exibe importantes exposições sobre o concretismo paulista.
Também a partir de hoje, 21 "novatos" selecionados (entre cerca de 450 inscritos) expõem suas obras (são microindividuais) ao lado dos "padrinhos" Fábio Miguez e Sérgio Romagnolo, no Centro Cultural São Paulo. E o mês mal começou.



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