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ARTES PLÁSTICAS
Nara Roesler, Ceuma e CCSP começam hoje nova temporada de exposições importantes em São Paulo
Agosto torna SP fértil em mostras
ANA WEISS
DA REDAÇÃO
No calendário das artes plásticas
paulistanas, julho é período de incubação e, por isso, agosto é um
mês fecundo: só hoje serão inauguradas pelo menos seis importantes exposições em São Paulo:
duas individuais juntas na galeria
Nara Roesler, três no Centro Universitário Maria Antonia (leia
mais à pág.E 10) e uma coletiva no
Centro Cultural São Paulo.
Diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage há cinco
anos, Luiz Ernesto não expunha
há quatro. Ele divide, a partir de
hoje, as salas do primeiro andar
da galeria Nara Roesler com José
Spaniol.
Gravador por excelência (engenheiro de formação), o artista
plástico exibe grandes caixas de
fibra de vidro com gravações de
fotografias de objetos domésticos
ligados à água pelo uso, como torneiras, baldes, copos.
E a água não está presente apenas por associação de idéias. As
"telas", feitas de material transparente, mudam de tom de acordo
com a luz. Como suas obras ocupam o espaço perto da entrada da
galeria (toda de vidro), suas peças
dão a impressão de refletir as cores do céu e de se transformarem
com o passar do dia.
Na sala seguinte, José Spaniol
apresenta uma recentíssima série
de dez esculturas, todas finalizadas este ano. De cara, o visitante
se dá conta da ironia: todas as peças são feitas de mármore e bronze, materiais da "escultura clássica", eleitos pela tradição por proporcionar um bom acabamento
aos objetos. Só que os de Spaniol
têm algumas bases rachadas e
desfiguradas, ou seja, não pretendem primar pelo acabamento.
"Do mármore, preservei algumas vezes as marcas do momento
em que ele foi arrancado da terra", conta o artista, que também
arriscou com o branco e dourado
das matérias-primas (você conhece alguma combinação mais próxima do kitsch?).
Mas a maior provocação de
Spaniol diz respeito aos exaustivos e quase sempre inúteis esforços teóricos em relacionar arte
abstrata com objetos conhecidos.
Diálogos típicos de galeria, como
"isso me lembra uma árvore, um
barco, uma peça sanitária" ficam
mais engraçados diante das esculturas que, no fim das contas, podem parecer muita coisa.
O crítico Alberto Tassinari localiza bem a fase de Spaniol no texto
de apresentação da mostra. "Não
é mais o caso de transformar o útil
em estético, mas de relacionar o
que parece útil com o que se espera que seja estético", escreve.
Lugar de passagem
O Centro Universitário Maria
Antonia, além das exposições em
cartaz, abriga uma grande instalação da mineira Iole de Freitas que
também pode ser vista a partir de
hoje. A peça da artista não ocupa,
no entanto, os espaços expositivos do lugar. Feita de tubos de aço
retorcidos ("em uma oficina siderúrgica no Rio", ela reforça) e chapas transparentes, a grande obra
"começa" no hall de entrada do
espaço, "continua" pelas escadas
e "termina" no primeiro andar do
prédio que exibe importantes exposições sobre o concretismo
paulista.
Também a partir de hoje, 21
"novatos" selecionados (entre
cerca de 450 inscritos) expõem
suas obras (são microindividuais)
ao lado dos "padrinhos" Fábio
Miguez e Sérgio Romagnolo, no
Centro Cultural São Paulo. E o
mês mal começou.
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