Gangues de Nova York
   
Direção: Martin Scorsese Produção: EUA, 2002 Lançamento: Columbia O épico de Scorsese é um retrato da violência como origem e destino da "civilização" norte-americana. A primeira parte, na qual o diretor retoma seus motivos obsessivos (o fantasma do pai, o sacrifício de inspiração cristã, o confronto de valores elevado a uma dimensão super-humana), apesar de já ser estetizada demais, ainda é convincente.
Já a segunda parte, quando Scorsese mistura o tema da vingança com um projeto de romance, não se resolve, além de desviar a atenção do foco inicial. Nela, a violência nunca ultrapassa o efeito espetacular, que culmina na cena final, piegas e artificial, com o fantasma das torres gêmeas a reiterar o simbolismo de toda a história num modo retórico para além do óbvio.
A edição brasileira do DVD, ao contrário da original, é avara em extras e traz apenas a opção comentários do diretor, que dessa vez vem legendada em português. Esperava-se que, pelo menos em DVD, Scorsese oferecesse sua tão sonhada edição pessoal, motivo de disputa com os produtores e dos seguidos adiamentos da estréia do filme. Que nada!
Ou seja, a edição em DVD pode ser boa para conhecer particularidades da produção, mas recompensa com muito pouco para o que se pretende um verdadeiro épico.
(CÁSSIO STARLING CARLOS)

O Sétimo Selo
    
Direção: Ingmar Bergman Produção: Suécia, 1956 Lançamento: Versátil A Idade Média de Bergman fica entre uma xilogravura de Dürer e um auto teatral apocalíptico. O cineasta realiza uma obra em que o onírico nem sempre compensa o retórico. Com Block, o personagem do cavaleiro que retorna das Cruzadas para uma Escandinávia tomada pela peste e pela Inquisição, o autor compartilha as inquietações metafísicas, mas não o fanatismo. O sarcasmo demasiado humano de Jons, o escudeiro, parece lhe convir melhor.
(TIAGO MATA MACHADO)


A Comilança
    
Direção: Marco Ferreri Produção: Itália, 1973 Lançamento: Versátil Um juiz edipiano, Philippe (Noiret), um piloto ninfômano, Marcello (Mastroianni), um afetado produtor de TV, Michel (Piccoli), e um chefe de cozinha bonachão, Ugo (Tognazzi), reúnem-se num final de semana para uma orgia gastronômica, aparentemente dispostos a comerem até a morte. O diretor Ferreri empanturra o espectador até o fim, seja com sua marcusiana visão da burguesia, seja com seu gosto inquebrantável pelo escândalo. (TMM)


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