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MÚSICA
Ministro Gilberto Gil abre "Agosto Negro", mês de shows, debates e eventos dedicados ao gênero em São Paulo
Festival quer rimar hip hop com política
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua segunda edição, o festival paulistano "Agosto Negro" leva a cultura hip hop a um patamar
inédito de exposição e interação
com a política cultural.
A intensa programação (leia ao
lado) começa hoje com um debate em que estarão presentes representantes do hip hop (os rappers
Thaíde e Xis, o DJ Eugênio Lima e
o dançarino Marcelinho Backspin), mas também a prefeita de
São Paulo, Marta Suplicy, e o ministro da Cultura, Gilberto Gil.
Antes do debate, Thaíde lerá para Gil um protocolo de intenções
com propostas para uma atuação
conjunta entre o movimento hip
hop e o Ministério da Cultura.
"Quando participei do "Black
August" de Cuba, não esperava
que dali a pouco o ministro da
Cultura do Brasil ia ser um negro,
nem que seria o Gilberto Gil", admira-se o rapper Xis.
Ele define, no entanto, o documento e o encontro como mais
simbólicos que efetivos. "Ainda
acho que é pouco, tudo é pouco.
Mas é um começo."
O festival prosseguirá durante
todo o mês com shows, festas, debates, workshops, campeonato de
DJs, apresentações teatrais ligadas
ao hip hop e uma mostra do Cinema Feijoada, braço cinematográfico do novo movimento negro
local. Foi idealizado pela Coordenadoria de Juventude da Prefeitura, que não precisa o montante investido em 2003.
Sob curadoria de Thaíde, dezenas de grupos estabelecidos de
rap farão apresentações gratuitas
com convidados da nova safra e
de outros Estados, em mais de 30
pontos dispersos pela cidade.
Shows coletivos acontecerão no
centro de São Paulo, na praça da
República e na av. São João, mas a
maior parte da programação se
concentra em bairros das periferias da cidade.
Racionais
Ausência evidente no "Agosto
Negro" é dos Racionais MC's. Explica o coordenador de Juventude, Alexandre Youssef: "Não há
problema algum com eles. Só não
conseguimos adequá-los ao formato imaginado, de convidados
com mesmo padrão de tamanho e
fama. É difícil fazer shows dos Racionais em praça aberta".
Com o subtítulo "Hip Hop Salva", o festival sublinha a intenção
de fazer com que o movimento
seja usado como vetor de inclusão
social e controle da violência.
"Um grupo como os Racionais
faz o papel do violentamente pacífico. Seu discurso tem uma capacidade de comunicação direta
com o público-alvo. E o discurso
que elegemos é o da não-violência", afirma Youssef. Segundo ele,
a Prefeitura ainda não dispõe de
dados estatísticos que demonstrem tal efeito pacificador.
Um dos redatores do protocolo,
o DJ Alex Cecci fala das metas do
movimento, seja no contato com
o MinC ou no "Agosto Negro":
"Queremos desmistificar idéias
de bandidagem, marginalidade,
gueto. Esse público-alvo é muito
suscetível, vai na onda do seu herói no palco. Nosso dever é propagar mensagens positivas, de não-violência. O hip hop é uma ferramenta, uma porta de entrada".
Para redigir o documento que
Gil recebe hoje de Thaíde, abrindo o "Agosto Negro", a comunidade hip hop elegeu um conselho
de 32 pessoas. O grupo propõe
formar uma comissão com cinco
de seus membros e um representante do MinC, que ajudaria a definir projetos federais de disseminação do hip hop como veículo de
inclusão sócio-cultural e racial.
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